Não sei se é agravado por aquela altura do mês, por ter ficado em casa gripada e com a cabeça a latejar, por ter o nariz a pingar e os olhos a chorar, se por tudo junto, ando sensível como o raio. Mas para além do sensível, introspectiva ao ponto de não andar satisfeita com nada do que tenho, fiz ou alcancei. Quero ser alguém que ainda não sou e ainda não cheguei lá e não sei se algum dia chegarei. Não sei qual é o caminho ou como fazer para o encontrar. Pareço uma barata tonta a bater de porta em porta sem ideia nenhuma qual a entrada ou a saída.
Mas primeiro que tudo, tenho noção que tenho de conseguir ser feliz sózinha ou nunca mais vou conseguir ser feliz ao lado de ninguém. Há alturas em que pareço curada de tudo, que todas as feridas fecharam e as cicatrizes mal se vêm. Mas há outros dias - menos agora mas ainda assim existem - em que descamba tudo de novo e sinto como se nunca me fosse conseguir recompor do meu próprio acidente de viação. Há uma raiva aqui dentro, uma sede de vingança, uma vitimização que não quero sentir mas não consigo fugir. Eu não tenho nada porque me vitimizar. Sou uma pessoa forte que sempre lutou pelo que quis e que não ganhou nada nunca ás custas de ninguém. Que posso não ter isto ou aquilo, que desejo mais, mas o que tenho não foi à custa do sofrimento de ninguém, derivado a apoios ou cunhas de alguém. E no entanto sinto-me tão zangada com quem me magoou desta maneira, com quem me modificou para a vida. Quão fácil deve ser um mundo em que não temos que nos mexer sequer muito para que as coisas nos venham parár ás mãos. Podemos ficar a um canto quietos, deprimidos, mas passa um rio que apenas nos leva naquela direcção e lá vamos nós. E depois dizer que não fizemos nada, que as coisas vieram sentar-se ao nosso colo, que não tivemos escolha. Como eu odeio pessoas que não assumem as suas escolhas e decisões, como eu odeio gente inerte, que se deixa vir abaixo e espera, em silêncio, sem se mexer, que a vida componha tudo.
Por mais que tente encaixar cá dentro, apenas não sou pessoa de conseguir, algum dia, passar por cima de tudo. Não há segundas oportunidades. Quem não me amou bem à primeira não o vai fazer bem à segunda. E pode ainda demorar mais um pouco, mas eu vou sair disto ainda mais altiva e erguida do que antes. Nunca, mas nunca mais vou deixar que me façam sentir como uma opção de vida. Para mim, nada mais do que a suprema prioridade. E é só com isso que me contento.
E para as minhas amigas que querem o melhor para mim, bem sei, mas que abanam a cabeça em desaprovação de cada vez que recuso o que elas consideram uma oportunidade, que dizem que acabo sózinha se continuar tão exigente, minhas queridas, vocês estão erradas. Senão formos exigentes, senão quisermos o melhor de tudo para nós, acabamos infelizes. Eu, pelo menos, nunca fui alguém que viva pela metade, muito menos as paixões. Ou é fogo ou não é nada. Então que venham muitos mais encontros frustrados, vazios. Porque um dia acontece, um dia volta a acontecer. E isto, quem me ensinou, foi a pessoa que me abandonou.
Mas primeiro que tudo, tenho noção que tenho de conseguir ser feliz sózinha ou nunca mais vou conseguir ser feliz ao lado de ninguém. Há alturas em que pareço curada de tudo, que todas as feridas fecharam e as cicatrizes mal se vêm. Mas há outros dias - menos agora mas ainda assim existem - em que descamba tudo de novo e sinto como se nunca me fosse conseguir recompor do meu próprio acidente de viação. Há uma raiva aqui dentro, uma sede de vingança, uma vitimização que não quero sentir mas não consigo fugir. Eu não tenho nada porque me vitimizar. Sou uma pessoa forte que sempre lutou pelo que quis e que não ganhou nada nunca ás custas de ninguém. Que posso não ter isto ou aquilo, que desejo mais, mas o que tenho não foi à custa do sofrimento de ninguém, derivado a apoios ou cunhas de alguém. E no entanto sinto-me tão zangada com quem me magoou desta maneira, com quem me modificou para a vida. Quão fácil deve ser um mundo em que não temos que nos mexer sequer muito para que as coisas nos venham parár ás mãos. Podemos ficar a um canto quietos, deprimidos, mas passa um rio que apenas nos leva naquela direcção e lá vamos nós. E depois dizer que não fizemos nada, que as coisas vieram sentar-se ao nosso colo, que não tivemos escolha. Como eu odeio pessoas que não assumem as suas escolhas e decisões, como eu odeio gente inerte, que se deixa vir abaixo e espera, em silêncio, sem se mexer, que a vida componha tudo.
Por mais que tente encaixar cá dentro, apenas não sou pessoa de conseguir, algum dia, passar por cima de tudo. Não há segundas oportunidades. Quem não me amou bem à primeira não o vai fazer bem à segunda. E pode ainda demorar mais um pouco, mas eu vou sair disto ainda mais altiva e erguida do que antes. Nunca, mas nunca mais vou deixar que me façam sentir como uma opção de vida. Para mim, nada mais do que a suprema prioridade. E é só com isso que me contento.
E para as minhas amigas que querem o melhor para mim, bem sei, mas que abanam a cabeça em desaprovação de cada vez que recuso o que elas consideram uma oportunidade, que dizem que acabo sózinha se continuar tão exigente, minhas queridas, vocês estão erradas. Senão formos exigentes, senão quisermos o melhor de tudo para nós, acabamos infelizes. Eu, pelo menos, nunca fui alguém que viva pela metade, muito menos as paixões. Ou é fogo ou não é nada. Então que venham muitos mais encontros frustrados, vazios. Porque um dia acontece, um dia volta a acontecer. E isto, quem me ensinou, foi a pessoa que me abandonou.
Que tenha servido para alguma coisa essa relação falhada e tudo o que sofreste por ela. Se te tornou mais exigente, também acho que isso é uma coisa boa! Até podes não saber qual o caminho a seguir para seres aquilo que queres, mas se sabes que não estás onde queres estar, então já deste o primeiro passo nessa caminhada! :)
ResponderEliminarNum mundo de blogues, é estranho por vezes faltarem as palavras, mas, neste caso, faltam-me as palavras para te dizer o quanto encaixei isto em mim, o quando me reconheço, em ti.
ResponderEliminarAcho que muitos de nós padecemos de um grande mal: o de querer tudo já e agora e que seja tudo certo e perfeito. Queremos o imediato. O próprio mundo moldou-se assim.
Posso apenas dizer-te como combato isto.
Quando sou invadido por este tipo de pensamentos, quase que me obrigo a racionalizar e a viver um dia de cada vez. A acalmar-me. Posso mesmo fazer-me inspirar e expirar. Ouço-o. Troco o 'já' pelo 'ainda' ou o 'só'. Negoceio interiormente com o tempo, aceitando que algumas coisas demoram e que tenho que o ocupar 'até lá'. E, já que tenho que o fazer, ao menos que o preencha com coisas boas. Nós sabemos e gostamos de estar sozinhos. Muitas vezes não sabemos é estar sós. E, acho, aliás, acredito piamente, que, na nossa idade, esse balancear de queremos um determinado tipo de vida e de coisas só por vermos o mundo e o tempo a correr e a fugir, é a grande luta. Sabemos tanto e conhecemos tanto que, essa inúmera amálgama de oportunidades e sítios para estar e ver, locais para viajar e conhecer, experiências para apreender, nos tolhe e nos consome.
Posso apenas dizer-te como combato isto.
Pára e vê. Pára. E. Vê. :)
Ana, para muita gente a exigência é confundida com esquisitice, até com uma certa mania. Já a mim custa-me encaixar como nos contentamos pela metade.
ResponderEliminarMenino da mamã, vivemos de facto na era do imediato.Infelizmente somos a geração a quem a vida foi dificultada e as coisas já não surgem com a facilidade e encadeamento de outrora. Mas é frustrante como o raio para quem é impaciente, que é o meu caso. Esta tua frase vai ficar porque é exactamente isto:
" na nossa idade, esse balancear de queremos um determinado tipo de vida e de coisas só por vermos o mundo e o tempo a correr e a fugir, é a grande luta. " Um bem haja!:)
Caramba, nem tenho palavras. Grande desabafo. Grande texto.
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