terça-feira, 30 de novembro de 2010

Estou abismada!

Então a Comissão Europeia agora vem dizer que Portugal, de modo a combater a crise, tem de rever os despedimentos por justa causa e baixar as indemnizações pagas nesses casos. Pois, está certo, a crise deve-se totalmente aos pagamentos derivados dos despedimentos por justa causa, faz todo o sentido. Não sei onde a velha Europa - a do Estado Social - vai parar com políticas destas.

Um dia destes

acho que me passo da marmita com a minha colega de casa.
Além de implicante, na sexta-feira irrompeu-me pela casa de banho adentro depois de um "posso entrar?" ao qual ainda não tinha tido tempo de dar resposta de tão súbita que foi a entrada.

Depois, além de querer tudo à maneira dela - inclusive perguntou-me hoje quando estávamos na cozinha, se queria a água para lavar a loiça "assim quente". Ora pois, se a estou a usar assim é porque é exactamente assim, e porque raio é que ela tem que se meter?

Dividimos os líquidos de limpeza da casa. Da última vez comprei eu, desta comprou ela. Quando foi a minha vez faltou de me dar uns 60 cêntimos, ao qual não me importei. Desta vez, colocou-me o talão e sublinhou que faltavam 30 cêntimos. Não lhos dei como é óbvio!

Além disso agora, encharca-me o ar da casa inteiro com incenso. Incenso desde que chega até que se deita e se espalha por todo o lado! Ela até me perguntou se me importava, mas quando me perguntou o que estava a usar era fraquinho, e a minha resposta consistiu em dizer "desde que não tenha um odor muito forte". E esta semana vai e muda para um super forte. Ora, se não é para me encher a paciência não sei porque será.

domingo, 28 de novembro de 2010

Ajuda-me a esquecer-te

Hoje andei a passear aqui.Que apesar de já ter terminado, ainda me faz voltar lá a rever textos. Mais um texto despudorado, verdadeiro. Que me assenta hoje e agora, porque é o que eu quero também e ele não deixa. Se continuar do outro lado a apelar ao impossível, ao irreal, ao optimismo ingénuo da criança que ainda parece ser. É uma ingenuidade cruel até, ser deixada sozinha perante a crueza e a loucura de tudo. Enquanto que ele ali está, como se vivesse num outro mundo, a dizer que tudo é possível. Não é. E sim, é tarde de mais.

"Preciso que me ajudes a esquecer-te, que ponhas mãos à obra, que faças qualquer coisa que se veja. Preciso que pegues no batente, que te esforces um bocadinho, que dês à manivela, que carregues no botão, porque é imperioso esquecer-te. Diz-me que sou feia, que estou velha, que sou tola; diz-me que é ridículo, este amor enganado, impossível, desnecessário, incómodo, que já dura muito para lá do que é aceitável. Atira-me com todo o desprezo que tens à cara, toma balanço, como se uma tarte de natas num filme mudo; deita-me a língua de fora, vira-me as costas, escarnece. Por favor, escarnece. Diz-me que sou absurda, desmesurada, desregulada, que não tens paciência, que estou doida. Encolhe os ombros com enfado, isso, assim. Repete que não me queres ver, ri-te, com pena, encharca-me de pena, olha-me como se eu um cachorro abandonado, que é o que sou. Enxota-me, repete, paternalmente, com asquerosa condescendência, que já não tenho idade, que são coisas de miúda, que devia ter juízo, que não tens tempo nem condições para atentares nos meus desejos vãos de louca varrida. Manda-me passear, bugiar, dar uma volta ao bilhar grande, ver se estás na esquina, que me dás um tiro. Diz-me que te maço, que não me queres por perto, que talvez uma providência cautelar. Manda-me correr para a esquina, que eu irei. Manda-me, que eu irei. Ajuda-me a esquecer-te, que não estou de todo preparada para te amar até ao fim dos meus dias, que grande chatice me foste arranjar, agora, resolve-a, faz qualquer coisa, ajuda-me a esquecer-te."

Tu já me arrumaste no armário dos restos
eu já te guardei na gaveta dos corpos perdidos
e das nossas memórias começamos a varrer
as pequenas gotas de felicidade
que já fomos.
Mas no tempo subjectivo
tu és ainda o meu relógio de vento
a minha máquina aceleradora de sangue
e por quanto tempo ainda
as minhas mãos serão para ti
o nocturno passeio do gato no telhado?

- Isabel Meyrelles -
Um dia perco a cabeça numa loja de perfumaria. Hoje foi o dia! E o pior é que nada do que comprei é para oferecer. É, tudo, tudinho, para me mimar!

sábado, 27 de novembro de 2010

Não pensei vir a gostar tanto deste livro e rever-me nele

"I can see where cultivating a measure of intelligent detachment in your life can be a valuable instrument of peace. I got to thinking about how much time I spend in my life crashing around like a great gasping fish, either squirming away from some uncomfortable distress or flopping hungrily toward ever more pleasure. And I wondered whether it might serve me - and those who are burdened with the task of loving me - if I could learn to stay still and endure a bit more without always getting dragged along on the potholed road of circumstance"

In Eat, Pray, Love

Exausta

É como me sinto depois de 3 semanas com um só dia de descanso. Hoje acabei a formação que estava a fazer e estou feliz por voltar a ter os fins-de-semana completos para dormir até tarde, passear e fazer nada, basicamente. Agora só tenho que aguentar mais uma semana de trabalho e depois...férias :) uma pequena semana de férias de toda esta rotina.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

E por falar em saudade onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou louco de tanto prazer
E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava,onde a gente se amava
Em total solidão
Hoje eu saio da noite vazia
Numa boémia sem razão de ser
Na rotina dos bares,que apesar dos pesares
Me trazem você
E por falar em paixão, em razão de viver
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você.

Vinícius de Moraes

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Vou ter saudades da Cimeira. É que estava tão bem guardada com todos os meninos das forças de intervenção nas suas fardas azuis escuras!

Harry Potter




Não acredito que vou ter de esperar 8 meses para saber o final! Não li o livro para poder ficar neste suspense masoquista.
Este filme é negro, pesado, mas está muito bem conseguido e, mais uma vez a fotografia de Eduardo Serra consegue fazer milagres e transportar-nos ainda mais para dentro daquele universo mágico.

E os miúdos, como cresceram! Nem acredito que já se passaram 10 anos!

Já não há pessoas boas

Ao longo da minha vida fui tendo a sorte de encontrar pessoas boas, generosas. Pessoas que, uma ou outra excepção à parte, contribuíam para o melhor mais do que para o pior.
Tanto estranho incrivelmente gentil - nunca mais esqueço o casal que me levou a mim e à M. numa corrida tresloucada de Gaia a Campanhã, só para que duas miúdas de Coimbra - que não lhes eram nada e que só partilhavam um gosto musical - não perdessem o último comboio após o concerto do Tim Booth no Hard Club de Gaia.

Bem, isto até há uns anos atrás, pelo menos. Talvez desde que acabei a faculdade. Desde aí a tendência inverteu-se e parece que a maior parte das pessoas que se vão cruzando comigo são sobretudo de tendência negativa. Será que fui eu que fiz algo para atrair isso, destino, karma? Ou, a causa mais provável é por ter entrado no "mundo adulto", ter perdido inocência ou alterado a forma como via as coisas ao meu redor? Acho que isto piorou desde há uns 3 anos para cá, com pessoas mesquinhas, capazes de tudo para te pisar, só porque sim. Só porque lhes dá prazer, ainda que não retirem nenhum benefício disso. Este aspecto é o que me faz confusão.

As minhas acções normalmente são derivadas e guiadas por um determinado motivo. Mas há pessoas cujo único motivo é ver os outros mal. É enganar, mentir, apenas pelo prazer mórbido que isso lhes traz. Muito amigas numa dada altura mas que vão por trás das tuas costas à primeira chance que tenham.


Tenho cada vez menos paciência para este tipo de pessoas, para as intrigas do trabalho, para a colega que fica a contabilizar os minutos da hora de almoço que chegamos atrasadas, a que dá graxa à manager, a que envia e-mails à amiga só para criticar. E normalmente, num ambiente destes, fica de fora quem não entra nestes joguinhos, nas tramas, quem não arranja "aliados", como se tudo fosse uma guerra ou um enredo de espionagem. É que não tenho paciência! Irrita-me cada vez mais e sei que acabo isolada porque normalmente toda a gente se deixa influenciar e toma partidos.

É curioso mas não é muito diferente do liceu. Há a miúda gira que flirta com todos, compete pela melhor roupa e fala mal de quem ela acha que vem mal vestida. Há a melhor amiga da gira, que no fundo queria ser como ela e que de vez em quando se vem queixar porque a amiguinha a despeitou ou respondeu torto. Há a gordinha que se acha mais inteligente que os outros todos e que só baixa a bolinha depois de ser sucessivamente metida no seu lugar com umas verdades bem ditas. E há aquela que está sempre à espera de lixar os outros, sempre à cuca de matéria para trabalhar.
Quando me queixo com indignação as minhas amigas dizem-me que no sítio onde trabalham é igual. Não sei se antes era eu que não me apercebia destas coisas, se se foram intensificando à medida que crescia. Sei que me fazem mais desconfiada e uma pessoa pior também. A minha generosidade para com esta malta quando ela precisa é praticamente zero depois. O que por sua vez não contribui em nada ao trabalho de equipa. Mas não podemos dar a mão a quem nos arranca o braço, ou podemos?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sexta-feira não podia ter começado pior. Depois de uma noite cheia de dores, quando me levantei não me conseguia mexer. A dor era insuportável. E como me doía ao fundo das costas, ao lado da coluna e tinha os movimentos presos e uma dor lancinante como nunca até hoje, comecei logo a fazer uns belos filmes. Pensei que encontrar um táxi no meio da Av. D. João II fosse tarefa hercúlea, mas no meio do azar tive sorte e consegui logo um no instante que perguntei ao polícia. No hospital armei-me em forte e recusei o paracetamol intravenoso. Estúpida porque andei cheia de dores o dia inteiro e ainda tive que ir trabalhar. Lá ao meio da tarde os comprimidos começaram a fazer efeito e começava-me a sentir melhor quando cometi uma gaffe gigantesca em frente à chefe. É o ideal em véspera de avaliação e quando se avizinha o prazo de efectivação, ou não, na empresa. Oh yeah, o final deste ano não poderia estar a correr melhor!

Entretanto fui revistada duas vezes hoje, não tenho consigo carregar com o peso dos sacos das compras e não tenho quase nada em casa. Além disso está um homem estranhíssimo desde manhã a rondar o prédio. Vi-o quando voltei do hospital, quando vim almoçar e agora que regressei a casa. Alto, careca, forte, estilo tropa seal americana, estão a ver! Isso, ou é um terrorista, porque não me ocorre o que andará ele a guardar aqui no prédio, não me parece que esteja aí instalado alguém de destaque.


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A minha nova colega de casa é simpática, não incomoda muito mas é um bocadinho control freak. Gosta de ter a casa como se ninguém lá morasse, o que me irrita um bocadinho porque há coisas que não adianta por dentro dos armários - como por exemplo o esfregão e o pano da loiça, que só vai para o armário ganhar bactérias porque não seca devidamente. A moça nem sequer lava loiça, sou eu normalmente quem lava, mas ela vai por trás, pega nos esfregões encharcados e coloca-os sempre e sistematicamente dentro do armário, só para que tenha que os tirar de lá passado uma hora. E andámos neste jogo, eu tiro, ela põe. Da mesma maneira que poderia aplicar-se á ordem que ela acha que as coisas tem de estar na casa, ao facto de não fazer reciclagem por não gostar de ter lá os diferentes recipientes espalhados, ao eu ter a certeza que a irrita profundamente eu ter os meus cremes e produtos para o cabelo em cima do lavatório do WC e não dentro do armário, como ela tem os dela. Mas estou agora , desde ontem e até domingo, com a casa só para mim. Fazia já um ano que não estava habituada a dividir casa com outra pessoa, e o bom que é poder chegar e deixar os sapatos no corredor, colocar a minha música no volume que eu quiser, poder fazer o que quiser, quando quiser, é impagável. Pergunto-me quando é que terei um salário suficientemente confortável para poder pagar o meu próprio T1, sem ter que o dividir com mais ninguém. Pergunto-me se isso algum dia acontecerá ficando em Portugal ou quantos anos mais terão que passar.
Por vezes nem me sinto a viver em Lisboa, raras são as vezes que tenho de ir ao centro. Hoje tive de ir até à zona do Marquês e, no regresso, não sei porquê dei por mim na paragem do autocarro, quando tinha que apanhar o metro. Talvez porque há um ano atrás era o percurso que fazia mas acima de tudo porque queria ir para casa, aquela casa. Não penso nela muita vez nem nunca mais voltei aquela zona da cidade. Mas hoje foi como se, por um milésimo de segundo pudesse apenas entrar naquele autocarro, fazer um percurso tão familiar, sair na minha antiga paragem e meter a chave à porta. E encontrar lá dentro tudo aquilo que tinha à um ano atrás. Acho que nunca meti a chave nesta casa com metade da ânsia e felicidade da outra casa, não tem metade do aconchego, do desejo. Mas abanei a cabeça, como se acordasse de um dejá vu longínquo e segui para o metro.

Cimeira da Nato

Estou a morar bem perto do perímetro de segurança da Cimeira da Nato. Desde sábado passado que o aparato policial tem vindo a crescer gradualmente cada dia. Ainda não me pararam para revista, mas todos os dias sou olhada dos pés à cabeça pelo batalhão - literalmente - que está ali na rotunda do palácio da justiça. Somos aconselhados a não andar com grandes malas ou mochilas atrás e quem tem carro fica ainda muito mais condicionado. Mas a verdade também é que ainda não vi ninguém ser revistado. Á noite fica difícil dormir com o helicóptero que sobrevoa a zona. Amanhã quando o Obama chegar é que isto deve virar um festim de polícia e segurança, com snipers nos telhados. Mas o giro é ver comentários destes, do nosso primeiro ministro. "O encontro representa a centralidade do prestígio que Portugal tem na cena internacional”. O português tem mesmo uma pequenez gigantesca e os nossos políticos adoram alimentar isso.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Além de cantar tão bem escreve letras destas, maravilhosas...

Exemplo do jornalismo de excelência que se faz no nosso país.

Já não me recordo que artigos lia eu há uns anos atrás que me deixaram com vontade de ser jornalista, mas não eram estes, com certeza! Até porque este tem outro nome e não é jornalismo. Entristece-me ver ao ponto a que isto chega, a má qualidade, o sensacionalismo, a inutilidade e o alarmismo. Odeio marketing! e odeio coisas mal escritas, ridículas de sentido, tipo esta perolazinha aqui:

"Esta reportagem não é um guia para fazer um engenho explosivo e por isso vários pormenores não serão divulgados - embora o Google indique o caminho. Fica o essencial: o centro comercial oferece todas as condições para se fazerem cocktails molotov, bombas de fumo e, mais preocupante, um explosivo químico chamado triperóxido de triacetona ou TATP, muito popular entre os militantes do Hamas e da Al-Qaeda."

Além da política agora também o jornalismo contribui para a estupidificação do português.Será tudo parte do mesmo complô?!

domingo, 14 de novembro de 2010

Slow Dancing in a Burning Room

Podia ser conquistada por este guitarra. O moço, ao contrário da opinião dominante do público feminino, não me diz muito. Não o acho particularmente bonito nem um cantor por aí além, mas tem algumas músicas muito bem escritas e esta é uma daquelas que coloco em repeat, sobretudo por causa dos acordes desta música. Acho que por pior que fosse o rapazinho que me tocasse isto assim tão bem, eu derretia-me, confesso.

sábado, 13 de novembro de 2010

Sábado à noite

Dia de dormir cedo! Hoje pelo menos,estou exausta! Depois de um dia de formação um bocado aquém das minhas expectativas, cheguei a casa e tive o programa que andei a ansiar a semana toda: banho, jantar na cama, ver um filme, deitar antes da meia-noite...nada me saberia melhor esta noite do que a simplicidade destas coisas.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Passe a publicidade


...sinto falta de ter um pingo doce por perto. Gosto da qualidade da marca e dos preços que, acabam por ganhar aos do Continente e ao SuperCor, que é caríssimo e são os únicos aqui ao pé de casa. Mas ando mesmo viciada, além do pão de alho, dos petit-gateau de chocolate e das pizzas, no molho inglês. Comprei uma garrafinha para experimentar e oh my lord! Meto-o em todo o lado, nas saladas, na carne, nos cozinhados, até já nas batatas fritas!

Foi o título que me levou a este blogue

...é assim que vou muitas vezes dar a blogues novos, pelo título. E este captou-me imediatamente a atenção por isso mesmo, atraiu-me nele. E nos últimos tempos, mais do que o habitual, as palavras dedicadas na crónica "Meu amor" tocam-me mais fundo. Como estas aqui, por exemplo.

"Estou aqui. Do outro lado do mundo, à tua espera.
Para lá de mares e de terras, de rios e de florestas, de gentes estranhas… à tua espera.
Anseia nos meus dedos, enquanto te aguardo, a saudade do toque dos teus. Conto por eles as horas para saber de ti, os dias para te [re]ver. Para me voltar a aninhar nos teus braços e o tempo parar. Como nos livros. Tu [Meu Amor] és o meu segredo."

Daqui

Da chegada e da partida

Fez ontem uma semana que te fui receber ao aeroporto. Nunca tinha estado nas chegadas de um aeroporto. Muitas vezes a minha mãe dizia-me que não se importava de esperar por mim no aeroporto porque adorava ficar a ver as reacções dos amigos e familiares que recebiam alguém nos braços. Até agora fui sempre eu a chegar, a ter alguém para me receber. Mas, na minha primeira vez na porta das chegadas, não estava feliz ou a sorrir expectante como todos os outros lá àquela hora. Aliás, devia ser a única que tinha os olhos marejados.
Recebi-te e, quatro horas depois fui-te levar às partidas. Nunca vi o aeroporto tão vazio, nunca me senti tão incerta sobre o que dizer: até amanhã, até breve, até sempre, até talvez nunca mais...
Mais um abraço, e finalmente aí vais tu. Não olhaste para trás, a parede interpôs-se no caminho quando o ias fazer. Não voltei a cruzar os meus olhos nos teus. Os meus olhos ainda marejados. Respirei fundo e parei um instante no meio daquele não-lugar vazio e silencioso. Depois dirigi-me à saída, apanhei um táxi. Quando olhei os aviões pela janela do carro já não tinha os olhos molhados. E, estranhamente, uma sensação predominante que nunca pensei sequer que pudesse lá estar : alívio. Um estranho mas libertador alívio.

Sexta-feira

Esta semana passou a correr mas estou exausta. Tenho dormido pouco e mal, comido ás pressas, esquecido o tempo de lazer ou de relaxe apenas. Ainda para mais agora meti-me numa formação aos sábados, que me vai ocupar todos os sábados do mês e obrigar-me a levantar ainda mais cedo do que num dia normal de trabalho. Faço-o porque é gratuita e fico com um certificado que pode vir ( ou não) a ser útil para a minha área. Mas vou chegar a Dezembro de rastos. Ao menos vou andar ocupada, sem grande tempo para pensar, ou sentir.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Finalmente algumas imagens





Se pudesse ia já hoje de novo!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Une petite histoire :)


Clicar na imagem para ver melhor

Se há coisa para a qual não tenho talento é para ficar sentada o dia inteiro, dias sucessivos agora desde há pelo menos umas duas semanas, sem nada para fazer. Mas absolutamente nada!
Há colegas que lêem os procedimentos vezes sem conta, há outras que organizam o arquivo o dia inteiro. Eu, depois de fazer isso na segunda-feira, por exemplo, não consigo voltar a fazer na terça, quarta e por aí fora. Não consigo fingir que trabalho ou não ter cara de entediada quando estou de facto. Por isso já não me importo que os chefes passem e eu tenha as páginas da internet abertas.

Se este ritmo de pasmaceira se mantiver acho que dou em maluquinha.
Ainda para mais temos um sistema de picar o ponto que não permite nem um minuto a menos nas 8 horas diária que temos que cumprir. Sinto-me parte do grande processo de estandardização de Ford! Temos clientes, nos países do Norte da Europa, que entram ás 8h da manhã mas saem ás 15 horas. Países com muito mais produtividade que Portugal. Não será este um factor importante? Aliás porque é que em França a mesma empresa tem uma política de 7 horas de trabalho, e aqui é uma hora a mais? Não me importo de ficar mais tempo quando o trabalho o justifica, mas quando o volume é quase inexistente, agradecia que me deixassem ir embora pois sinto-me a cumprir uma pena. Para piorar, o ambiente em Lisboa é bem pior que em Paris, não há a mesma camaradagem nem pausas para café de antes. Tens mesmo de ficar caladinha na secretária a fingir estar ocupada com algo. E eu tenho uma vocação péssima para esse tipo de trabalho. Que é também o tipo de trabalho que te deixa com atrofios musculares da horas agarrada ao rato.

sábado, 6 de novembro de 2010

Time, it can not break the bird´s wings from the bird.
Bird and wing, together, go down in one feather.
No thing that ever flew, not the larck, not you,
Can die as others do.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

4 de Novembro de 2010

Hoje é o dia que traça os nossos destinos:o final de tudo ou o começo de uma nova fase. Não há meio termo. Eu sou uma pessoa de preto ou branco e sei que, desta vez, não há intermédios. Se somar as probabilidades está tudo irremediavelmente contra nós. Ainda que saiba que não é a primeira nem a segunda vez que batemos as probabilidades. Mas desta vez porque é que o meu coração está tão mais inclinado para a primeira hipótese? Intuição, pressentimento, realismo ou pessimismo. Vou ter que esperar para saber, mas desta vez queria apenas poder fazer fast forward.

Bublé

Foi do caraças! O concerto! Além da voz dele ser aquilo que se ouve nos cd´s, límpida e segura, saí de lá a achá-lo um tipo que deve ser porreiro a sério, sem falsos vedetismos ou tiques de estrela. É um entertainer, como ele próprio se denominou, na mais pura ascensão da palavra. Fala imenso com o público, acho que nunca estive num concerto onde o artista conversasse tanto com a audiência. Quase que faz stand-up comedy e provoca a gargalhada fácil num pavilhão Atlântico repleto até ao tecto. É giro, tem aquele sorriso desarmante e um charme nos deslizares sucessivos que vai dando pelo palco. Tem uma voz que se pode ouvir horas a fio, seja a cantar ou a falar. Diz " I promise you" this or that a lot! Distribuii beijos, simpatia, elogios ao público. Muitos! Lisboa foi o final de uma tour de 93 concertos em 37 países e quando disse o típico "Foram o melhor público até agora", acredita-se que sim. Pela maneira como o repetiu muitas vezes e porque já estive em concertos em outros países da Europa e um público estático e paradinho é o que mais há para aí. Prometeu que quer voltar em breve, não no próximo álbum como lhe disse calmamente o produtor quando ele lhe telefonou eufórico mas bem antes disso, no próximo Verão. Confessou que não sabia nada de Portugal, nem onde ficava, desculpou-se por isso dizendo "Come on, I am canadian", ainda que apetecesse responder que somos portugueses mas sabemos onde fica o Canadá, não temos é culpa da péssima geografia dos americanos e canadianos em geral. Diz que ficou fã da cidade e dos shoppings!

Cantou os grandes hits e imitou até Michael Jackson de mão na virilha e tudo, mas faltaram muito mais músicas. O palco fazia lembrar os concertos dos anos 40 ou 50. E o ponto alto, para mim, foi aquela música final, em que aparece ele no palco com as cortinas corridas e canta à capela, sem microfone, sem instrumentos, apenas a voz dele nua num Atlântico silencioso e reverencial. Se ele voltar em breve, como promised, eu vou lá estar. Nos lugares da frente desta vez. Caros, mas há coisas que são uma vez na vida, e poder dar um beijo ou apertar a mão ao MB vale a pena.
Ontem á noite enquanto via o telejornal, dei por mim a pensar na surreal classe política que nos governa. As sessões na Assembleia da República são dignas de um grupo de adolescentes sem argumentação credível. Então o TGV é necessário porque nos vai ligar à Europa, senhor primeiro ministro? Mas será que espera que alguém acredite nisso? Com tudo o que se está a fazer para piorar condições da classe médica, alguém acha necessário que o TGV possa trazer algum benefício, mais do que acabar de esvaziar os cofres em benefício apenas da empresa com quem se fez o contrato?!

Depois é ver os partidos da oposição, cada um a puxar a brasa á sua sardinha conforme lhe convém, sempre a atacarem-se sem nunca colaborarem em nada que possa ser um plano concreto e útil para tirarem o país da miséria onde anda arrastado aos anos. Enche o saco vê-los atacarem-se como beatas em praça pública. Não era suposto estarem aí para fazer algo mais do que andar aos insultos de forma eloquente?! Isso aprende-se na retórica e na semântica e parece-me a única coisa que estes senhores andam ali a fazer, a treinar a arte do insulto público.

Tiram fotografias de telemóvel ao orçamento assinado e o Ministro das Finanças diz que só tem pena de não ter uma foto oficial daquele momento. Dá vontade de chorar quando se ouve e vê a seriedade com que dizem estas barbaridades! Se o PSD aprova o orçamento está a dar a vitória ao PS acusam os militantes! Poderiam ser mais transparentes?! Ao menos disfarcem a sede de poder e em como se estão nas tintas para Portugal. Se bem que, para quê mesmo?! Já fazem quase tudo ás claras, debatem os argumentos mais absurdos e ninguém faz nada. Não há nenhum movimento que venha acabar com este circo?! Estão a gozar com o povo e o povo a deixar-se ir serenamente. Reclama nas conversas de café, debate na mesa do jantar, mas continua o dia-a-dia sem fazer mais do que até agora. Depois vem o PR dizer que está preocupado com a impaciência que vê no povo. Oh senhor Cavaco, quem cá dera graus gigantescos de impaciência e revolta popular!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Amanhã


Os bilhetes foram comprados em Abril, depois do primeiro dia do concerto ter esgotado em poucas horas. Era para o ir ver com ele. Afinal foi ele quem me ofereceu tantos cd´s, que me dedicou tantas músicas. Mas ele não vai poder estar, aliás, vai estar do outro lado do telefone a ouvir um espectáculo que sei que queria muito ver. O próximo é para vermos juntos. Nem que seja em Nova Iorque, promise. Este, transmito-o por telemóvel e talvez aproveite que vou sem companhia masculina para me derreter pelo crooner mais apetecível dos últimos anos.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Nova cidade, novo cabeçalho

Faz hoje um mês que regressei de Paris. Há sete meses atrás, quando deixei Lisboa tinha uma vida boa aqui, feliz. Fui com vontade de regressar e retomar tudo a partir do ponto onde tinha deixado e não questionei se as coisas que deixei estariam aqui ou não. A verdade é que em seis meses muito pode mudar e o meu regresso foi tudo menos feliz. Nada, absolutamente nada está no lugar em que deixei quando parti.

A casa que tinha decorado e onde me sentia bem. O grupo de amigos que entretanto parece ter dispersado um pouco por todo o lado. Toda a gente partiu, em seis meses toda agente parece ter mudado de vida, à minha excepção que voltei a uma cidade onde não tenho grande coisa agora, à qual não me sinto pertencer mais. É uma solidão pesada. Além disso sinto-me como se ainda estivesse a morar naquele quarto de apart-hotel, sinto falta de casa, ou da sensação de aconchego que andei seis meses a desejar e que agora não encontro aqui também. As pessoas são a chave de tudo e as minhas pessoas andam espalhadas pelo mundo.

Tudo isto, a par com um trabalho que não me dá particular prazer, leva-me a questionar, a duvidar de mim e da pessoa que me tornei ou quero vir a ser. Bem sei que é normalmente precisa uma grande queda, um grande rombo, antes de uma reinvenção, e talvez seja isso que preciso, de me redescobrir. Só desejava que a vida não me tivesse tirado tudo de uma só vez, como um penso rápido que se arranca. Pode ser que venha a passar mais rápido depois, mas agora o choque é tão grande que todos os dias, naqueles primeiro minutos da manhã entre o sono e a realidade, penso sempre que nada disto é real, que estou num não-lugar a caminho de casa e que estou quase a chegar, estou mesmo quase a chegar...quanto mais não fosse porque acho que já merecia.
Un seul etrê nous manque et tout le monde est depeuplé.