quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Não, ele não me traiu, não me enganou, não acabou...não o posso odiar assim fácil, não é um sacana a quem aponte uma montanha de defeitos e por orgulho me refaça mais facilmente. É o meu amor de sempre, o único, o maior, o irrepetível. Que vai embora. Que me disse que vai embora no dia em que eu regressei. Não vai para Paris, não vai para um sítio fácil e económico de chegar, nem vai por seis meses, vai por tempo indeterminado.

Por ego, por medo, por ambição profissional decidiu apenas que não quer esperar por um país que estes meses todos não lhe deu emprego na área em que estudou e calhou de a primeira oportunidade concreta ser no Brasil. Não quis saber que eu estava a regressar, não quis saber que estamos mais fragilizados que nunca. E talvez por isso eu não o perdoe nunca. Entendo parte da atitude mas a parte emocional não engole o resto. Vai e disse-me " vem comigo", quando eu acabei de chegar, de começar um trabalho aqui, quando não tenho nada no Brasil, quando não quero morar lá. Não é justo. Tomares a tua decisão sabendo que provavelmente nos condena e depois passares parte da responsabilidade em resultar para mim.

Já fizemos isto demasiadas vezes, relações á distância, quero dizer. Primeiro Brasil em Erasmus, depois Luxemburgo, depois Paris. Mas nunca nada assim, Paris - Rio de Janeiro sem prazo para voltar. Eu já parti duas vezes, ele esperou por mim, é certo. Mas desta vez, tão longe, por um tempo que pode ser de meses a anos....Está gasto, cansado, despido. E eu não consigo mais. É impossível, para mim agora é impossível. Como é que se vive quando acaba mas não por o amor acabar?

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Tenho este aperto no peito desde o início do mês. Desde exactamente dia 1. Desde o momento em que pisei Lisboa de novo. Quero fechar os olhos e regressar a Paris, ou a qualquer sítio bem longe, ou apenas qualquer sítio diferente daqui. Mas tenho de acordar e convencer-me de uma vez. Tenho de crescer. Sim, é isso, crescemos pela dor não é verdade? E talvez eu fosse ingénua ao achar que nunca me iria magoar assim. Se investimos muito corremos o risco de ter grandes perdas. Eu, mais do que nunca, devia saber disso. Não vai doer menos, não importa fazer de conta ou rezar por um resultado diferente. Vai doer exactamente o que tem de doer, vai magoar, macerar a ferida, em profundidade...e depois vai começar a ganhar uma crosta sensível, até ir cicatrizando, pouco a pouco. O que não posso fazer é recuperar uma esperança perdida, que não tem razão de ser, motivo pelo qual se alimentar. No final, vai tudo dar ao mesmo resultado e já não há mais nada que eu possa fazer. Eu já não vou olhar para trás e arrepender-me pelo que não fiz porque já pedi, já implorei, já lutei. Perdi. Por mais que doa admitir a forma óbvia e vexante como perdi. Agora, tenho de pensar em mim, resguardar-me, proteger-me, porque no final, não haverá ninguém que o faça por mim.

Por antecipação, doí-me já o tempo que sei que vai levar a curar. Tenho medo que seja muito tempo, demasiado tempo. Sei que tudo isto vai mudar a minha forma de ser e não quero ficar amarga ou perder a capacidade de acreditar. Mas no fundo sei que, mais do que destino, a vida somos nós que a fazemos e os sentimentos podemos aprender a controlar. Mesmo que isso nos torne seres humanos mais frios. E mais do que tudo eu quero viver, sem esperas, sem angústias, quero viver com tudo aquilo a que os meus 27 anos têm direito. Não vou ser jovem para sempre. E não espero mais por ninguém. Por ninguém. A minha felicidade, a partir de agora, sou eu que a faço. Não vou ficar em casa a carpir as mágoas. Sobretudo quando as mágoas nos são deixadas por alguém que pôde escolher.

domingo, 24 de outubro de 2010

Como morfina para a alma



Passei na Fnac, comprei ao par e vim ler para a beira rio. A versão inglesa do "Comer, Orar, Amar" para tirar teimas e ver what all the fuss is about! E este "Os olhos amarelos do Crocodilo", sucesso de vendas aqui e em França, do qual já ouvi várias coisas boas e quero saber por mim. Além do mais passa-se em Paris e eu já lhe sinto a falta. Emergir-me noutras vidas e esquecer um pouco a minha que anda impossível de aturar.

Malas e sapatos



Ontem na baixa de Lisboa, numa tentativa muito à gaja de me tentar animar, comprei uma mala e uns sapatos ( não os das fotos, mas parecidos ainda assim). Quando estava a pagar os sapatos o senhor do balcão diz-me " é a rapariga mais triste a comprar uns sapatos. Senão gosta deles não os devia levar, um par de sapatos novos deve deixá-la a sorrir". Fiquei desconcertada com a frase e com a perspicácia. Baixei os olhos porque não queria mostrar os olhos vermelhos, recebi o troco e saí sem dizer nada. Se fosse tão simples quanto gostar ou não de um par de sapatos. Acho que me podiam levar a comprar diamantes e mesmo assim não iria sorrir.
Sinto-me como se tivesse estado num acidente de carro descomunal, como se todos os meus órgãos por dentro doessem, o peito apertado e com dificuldade em respirar. Acordar de manhã e, naqueles breves segundos pensar que tudo não é mais do que um sonho mau, mas dar-me logo conta que as dores atrozes vão andar comigo mais um dia. E eu pergunto-me, até quando? Ou até onde é que se pode suportar? Pela primeira vez na vida não me sinto suficientemente forte.

sábado, 23 de outubro de 2010

Of a broken heart



Quão ingénua era eu por achar que o meu nunca seria partido?!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Má notícia da semana

Cárie no dente do siso inferior direito.Inacessível. Solução única: remoção. Só me vem à cabeça a quantidade de sangue e o que custou quando tirei um siso superior já há uns dois anos. Desta vez, nem a gravidade vai ajudar. Não quero passar por isto outra vez! Sem mimos desta vez, sopa da mãe ou alguém por perto. Posso amuar? Acho que a minha vida tem andado má suficiente para eu poder amuar. Haverá alguma semana deste mês que passe sem uma má notícia?!
Rapazes
Não é pelo status do facebook ter mudado ( se sabia não tinha mexido naquilo em primeiro lugar- isto de por os nossos dados on-line realmente não é boa ideia) que eu passei a estar disponível para sair com qualquer alminha. Isto não é um carro que vagou e podem apenas levar para uma voltinha, ok? O que me desconcerta é a quantidade de machos sem noção que se faz ao piso, mesmo pessoas com as quais mal troquei duas palavras. Ah, e as minhas recusas nunca tem que ver com o facto do rapaz em questão ser desprovido de qualquer interesse! Claro que não! Para os moçoilos tem apenas que ver com estar frustrada com os homens e precisar de um a sério! Enxerguem-se, sim!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010


Há muito tempo que um filme português não me deixava com vontade de ir ao cinema.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Isto só pode ser uma piada! Digam-me que é uma piada!

Era deste espírito que Portugal precisava

ou de como já estive mais longe de me mudar para a Suécia, onde os horários de trabalho são reduzidos e não há idade de reforma legal. Também é lá que está a maior taxa de suicídio europeu, e metade do ano passam-no ás escuras, mas ao pesar as vantagens e desvantagens, não sei não...

Zon Lusomundo

Eu sou do tempo em que ainda era possível ir ao cinema sem ter de entrar numa cadeia franchizada e ver filmes que não eram todos os mesmos em todas as salas de cinema. Em Coimbra, no Cinema Avenida vi muitos dos melhores filmes de sempre, alguns mainstream, alguns independentes dos quais nunca mais ouvi falar, nem em DVD nem em sites de downloads piratas.

Sinto falta do Cinema Avenida ou do Cinema S. Mateus em Viseu de cada vez que vou ao cinema hoje em dia. E sobretudo pelo desrespeito que as cadeias de cinemas têm pelo espectador.
Vou dar o exemplo do último filme que vi. A sessão estava marcada para as 21.10h. Uma hora aceitável, mesmo a um dia de semana, mesmo que o filme tenha quase 3 horas. Acaba bem antes da meia noite, dá para voltar para casa tranquilamente e dormir suficiente antes de um dia de trabalho.

Só que o filme propriamente dito nunca começa as 21.10h, começa sempre depois das 21.30h porque antes temos de aguentar 20 minutos de publicidade (sim, eu cronometrei) e 1trailer. 1 trailer vs. 20 min de publicidade, da qual coloco o comando da Tv a fugir sempre que estou em casa. Porque motivo quereria eu gastar 20 minutos do meu tempo a ver publicidade que não vejo em casa por opção? Porque tenho eu de pagar um bilhete de cinema excessivamente caro para o ordenado português médio e ainda ter de levar com algo que não pedi? Antes viam-se 5 minutos de trailers e era o suficiente para nos deixar com vontade de regressar ao cinema mais tarde, abria o apetite e a curiosidade, faziam-nos esperar a próxima estreia. Agora sei que ir ao cinema me vai deixar rabugenta e impaciente logo no início, a ver quando é que o filme que eu escolhi ver começa. Ou seja, não só nos privam de vermos trailers, que antes era uma forma de ganhar espectadores, como os encurtam ao máximo possível para passarem toda a publicidade impossível. E não me digam que as empresas precisam deste dinheiro para financiar o funcionamento das salas, porque ao preço que estão os bilhetes e as pipocas, financia-se bem só com isso. Não têm o mesmo lucro, mas eu não tenho que me preocupar com os princípios capitalistas da empresa. Nem tenho que contribuir mais do que contribuo.

Que passem a publicidade que bem entenderem mas antes da hora marcada no cartaz. Eu não tenho que ver algo que não quero ou acabar mais tarde um filme porque me querem obrigar a comer marketing. E se no domingo á noite não pedi o livrinho de reclamações porque já era tarde quando acabou o filme, não vou deixar passar a oportunidade de voltar a uma Zon só por esse motivo.
Se ninguém reclamar e aceitar tudo como está daqui a nada alargam os 20 minutos para 30 minutos e por aí fora. Já chega o Governo fazer o que quer. Se eu ainda tiver um direito para reclamar os deveres de uma empresa da qual usufruo, vou usá-lo. E toda a gente devia fazer o mesmo. Talvez o país estivesse diferente se as coisas fossem mais assim.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010


Não li o livro. Desconfio sempre muito quando há uma febre enorme á volta de certos fenómenos e depois de ver o livro anuncio na Oprah mais de 20mil vezes, Fui ver pela curiosidade de ser uma estória real, baseada na experiência de uma mulher em busca de si mesma. Não gostei por aí além do filme. A parte italiana é uma das melhores do filme, rica visualmente e a fazer salivar os espectadores. Mas o resto podia ser melhor explorado, sobretudo na parte inicial em que vemos uma Liz Gilbert insatisfeita com a sua vida, mas sem que a narrativa se detivesse demasiado a explorar essa insatisfação. Ela parece encetar a ideia da viagem quase por um capricho, após o novo namorado dar sinais de que começava a estar cansado dela. Mas a verdade é que, não lendo o livro, não posso criticar o filme aí por diante.
Também eu adoraria tirar um ano sabático de descoberta de mim mesma, de reavaliação. Infelizmente não sou uma americana bem sucedida que se pode dar ao luxo de gastar todas as poupanças quem tem para viajar e meditar durante um ano. Aliás, quem se pode dar a esse luxo?

O mais pungente no entanto, são as coincidências e acasos de uma estória real, em que a busca pelo amor, ou o encontro do amor como ponto de equilíbrio, está no centro de tudo e movimenta tudo.
A vida é afinal as pessoas que encontramos, que cruzam o nosso caminho. E o que dá sentido á vida é ter alguém com quem a dividir, é ter algo que nos faça suportar a rotina incansável dos dias e das semanas que, na sua maioria, passam iguais, uneventful.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Últimas imagens de Paris













Ora então, de todos os produtos, as ostras não pagam mais!!

E até as plantas e as flores passam a pagar imposto!

Interesse público para quem?!

O nosso executivo faz o que quer e lhe apetece. Invoca leis conforme lhe convém, publica outras se não havia legislação que o permitisse, rejeita leis que não lhes servem os propósitos, revoga decisões do Tribunal por um interesse público que qualquer pessoa iria contestar. Onde é que parámos este abuso?! Quando é que somos um bocadinho menos conformistas e mais reactivos, ou será que o português adora que lhe usurpem os direitos e deixem que um grupo de homens com interesses próprios desfaçam dos nossos destinos como mais lhes aprouver?!

O estado da Nação. Uma palavra apenas: tristeza!

Eu que, antes destas andanças no concurso para presidente da república, até era super fã deste senhor - aliás, um dos meus livros preferidos é dele - pergunto-me se não haverá nada mais importante para ele chamar à atenção. Pode ser desleal da parte do Cavaco, mas who gives a damn?! Ele que contrate criancinhas também se acha que lhe dá boa figura. Com tudo aquilo que se está a passar no país é uma pena deterem-se em assuntos tão fúteis.

A rapidez de Hollywood em agarrar uma boa história é desconcertante.

Até já tem protagonista disponível e pensado a dedo! Se a história tivesse tido um desfecho infeliz será que iam usar a desgraça alheia da mesma maneira?!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Recomeço

Moro a 10minutos do trabalho ( a pé). A casa é um T2, sem sala. O quarto é pequeno e a vista é quase nula ( é um rés do chão). A cama é individual e eu dormi quase a minha vida inteira em camas grandes. Gosto do espaço. A arrumação praticamente inexistente, ainda tenho camisolas na mala e eu estou cansada de viver com malas a servirem de cómoda. Não tenho um sofá. Tenho uma Tv emprestada que apanha os 4 canais generalistas. Para apanhar rede de telemóvel é o cabo dos trabalho, tenho de falar ao telemóvel à janela. Em relação á internet idem aspas, vou devolver a placa da Vodafone e experimentar a da Optimus porque já não tenho internet tão lenta desde que ela surgiu e eu a utilizava no liceu. A renda inclui as despesas, mas não a internet nem Telefone, nem Tv cabo. É cara, mas estou a pagar a localização.

A grande vantagem é, de facto, morar tão perto do trabalho. Tendo em conta que tenho que entrar entre as 8h e as 8h30 da manhã é uma grande coisa pois evita que acorde de madrugada e ainda posso vir almoçar a casa. Outra coisa boa é que tem rádio incorporado no quarto e na WC, o que é óptimo para quando quero tomar banho com música. Mas no geral estou cansada de mudar de casa e, sobretudo, não me sentir em casa.

Depois de no ano passado ter mobilado uma casa só para mim, custa voltar a dividir um espaço, voltar a reduzir ao máximo as coisas que se vão acumulando, ter as coisas que comprara arrumadas em caixas, à espera. Por vezes a vida assemelha-se a um grande exercício de espera.

sábado, 9 de outubro de 2010

Wanted
























Estou desolada! Perdi a minha bolsa de maquilhagem que, especialmente depois de Paris, devia ter dentro um bom dinheiro investido! Isto de andar com malas de Paris para Lisboa para Viseu, no mesmo dia pode ser complexo e a bolsa de maquilhagem foi a baixa de guerra. Tinha lá tudo! Mas tudo! Inclusive produtos da Benefit que comprei bem mais baratos em Paris porque tinha desconto. Agora nem um rimelzito tenho, uma sombra de olhos, um pincel, e eu que nem uso muita maquilhagem...sinto-me despida...grande sorte se foi uma mulher a encontrar tudo! Agora vou demorar uma eternidade até reconstituir a minha colecção. Não é justo perder o coração e as coisas que me faziam sentir mais bonita na mesma semana!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Esta semana aprendi três coisas importantes:

- Não gostar mais de alguém do que esse alguém gosta de nós

- Não fazer sacrifícios ou cedências se suspeitamos que se fosse ao contrário não o fariam por nós
- e sobretudo, não desperdiçar energia em coisas que estão fora do nosso controlo.


Agora só tenho que aprender a fazer isto.

Foi uma cena de filme...consigo ver-me como se estivesse de fora de cena. Consigo ver-me a sair pela manga do avião, aflita com o peso das malas, feliz por estar em Lisboa por fim. Consigo ver-me quando liguei o telemóvel e o voltei a por no bolso à espera que apanhasse rede. Sabia que devia ter mensagens, e estava expectante por essas mensagens, queria que me fizessem sentir bem-vinda, que me deixassem a sorrir. Lembro-me do meu sorriso esboçado quando ouvi o toque da mensagem, lembro-me de estar a caminhar naqueles corredores envidraçados, os aviões estacionados lá fora. Consigo ver o meu rosto quando abri a mensagem, á medida que o sorriso se foi esbatendo. Cada frase foi como um murro no estômago, um, pausa...continuo a ler...o segundo...pausa...não pode haver mais nada, não pode...três.

Fiquei sem chão nos pés. Não me lembro se parei se continuei a caminhar, não me lembro como fui levantar a bagagem, não me lembro do sorriso da minha mãe ao receber-me. Só queria ficar abraçada naqueles braços e chorar, voltar logo ali para trás e apanhar o avião de regresso.

Desde sexta-feira, dia 1, o dia em que regressei a Lisboa, em que sabia que muito ia mudar, fiquei sem mundo, sem chão, sem pé. Foi uma bomba que rebentou assim que toquei Lisboa. E a decepção, o choque tão grande que pensei que fosse morrer, em que quis (quero) morrer. O que dói mais é a decepção, o saber que nunca mais vou olhar as coisas da mesma maneira. Saber que a cabeça vai andar mais baixa, o sorriso fechado, os olhos tristes, desconfiada, amarga. Nunca pensei que, de todos, Ele, fosse quem me ia estilhaçar o coração. e, sobretudo, quem me fosse tornar numa pessoa tão feia. Isto, eu, nós, por tudo o que passámos, não merecia.
E de tanto bater o meu coração parou.