sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Vida em pausa

O pior é esta espera, este limbo de impaciência e de esperança. Olhar o e-mail a cada 10 minutos, esperar a qualquer momento ouvir o telemóvel tocar. E que quando toque seja com uma notícia, ao menos, razoável!

Sou mais um das centenas de licenciados desempregados. Depois de uma experiência muito má este verão, com um empregador irascível e desrespeitador, a recibos verdes, estou de novo "à caça", pela enésima vez, já perdi a conta de quantas vezes passei este processo: reordenar o CV, por-me de novo no mercado, anunciar as minhas características como se me estivesse a vender. Tenho uma colega que diz que se sente como uma puta, sempre a tentar vender-se a quem der a melhor oferta. Eu não iria tão longe, mas também não fujo muito à sensação.

O pior é ter a vida inteira em espera, suspensa, quase imóvel. Não sei se fico nesta cidade, se, mais uma vez tenho que deixar a minha vida toda para trás e voltar a casa dos pais.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Hoje


Sinto-me tão inquieta...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Breathe me



http://www.youtube.com/watch?v=wbP0c9TZfzM

Finalmente, alguém toma uma posição


Este texto foi publicado hoje pelos administradores do site "Carga de Trabalhos".
Desde já os meus parabéns pela iniciativa de publicarem um texto tão elucidativo - infelizmente há muita gente que não conhece os seus direitos - e confrontativo também. Já estava na hora de restringiram os sucessivos pedidos de estágios não remunerados. A verdade é que hoje em dia, dada a generalização desta prática, são cada vez mais as empresas que recorrem a este esquema e muitas as pessoas que se sujeitam.

A verdade é que não tem que se sujeitar, porque se todos conhecermos os nossos direitos e recusar-mos este tipo de estágios, as empresas não terão hipótese de continuar a contar com mão-de-obra gratuita e terão que passar a pagar um valor justo pelo nosso trabalho. Por isso aplaudo este texto, que deixo aqui para quem quiser ler.

Estágios no Carga de Trabalhos

"Após bastante consideração, o Carga de Trabalhos decidiu mudar a sua política de publicação de anúncios, passando a rejeitar todos os anúncios nos quais figurem propostas que, segundo o Código do Trabalho em vigor, possam ser consideradas ilegais ou suspeitas.

Ainda que acreditemos na liberdade e responsabilidade individual dos cidadãos e na boa conduta e responsabilidade social das empresas e empresários portugueses, ao longo dos últimos tempos temos detectado um número crescente de ofertas que indiciam algum desconhecimento do direito do trabalho ou das normas do Instituto de Emprego e Formação Profissional e que têm valido ao Carga de Trabalhos várias reclamações e até alguma desconfiança, que coloca em causa o nosso trabalho em prol dos profissionais da área da comunicação.

Assim, lembramos que à luz do Código do Trabalho e de acordo com a opinião de vários especialistas na matéria, entre os quais o Dr. Garcia Pereira, os chamados estágios não-remunerados ou estágios com "ajudas de custo" são claramente ilegais, por constituírem, segundo a legislação, um verdadeiro e próprio Contrato de Trabalho.

Legalmente, todas as relações laborais nas quais exista local e horário de trabalho e em que o trabalhador reporte directamente a uma hierarquia/chefia são automaticamente consideradas contratos de trabalho e são dessa forma obrigados a cumprir vários requisitos legais, como a remuneração no valor igual ou superior ao Salário Mínimo Nacional em vigor, pagamento de Segurança Social e Imposto sobre o Rendimento Singular relativo ao trabalhador, além de 13º e 14º mês (subsídio de férias e de Natal). Lembramos também que para existir um Contrato de Trabalho Sem Termo (ou seja, efectivo ou permanente), não é obrigatório um documento assinado, sendo que esse existe apenas com acordo verbal das duas partes.

Da mesma forma, uma relação laboral com base nestes pressuposto nunca poderá ser remunerada através de Recibos Verdes, visto que estes se destinam à Prestação de Serviços por profissionais liberais ou trabalhadores por conta própria, que trabalham com autonomia, definem o seu próprio local e horário de trabalho, estando apenas obrigados a cumprir os prazos e condições fixados pela empresa, a qual, neste caso, é legalmente considerada cliente e não entidade empregadora.

Alertamos ainda que os indivíduos que, no âmbito de uma situação de Contrato de Trabalho, sejam remunerados com Recibos Verdes, podem a qualquer momento fazer denúncia da sua situação à Autoridade para as Condições de Trabalho, que poderá proceder à inspecção na empresa denunciada, podendo, além de obrigar ao pagamento de todas as contribuições e subsídios devidos ao trabalhador, autuar a entidade empregadora por incumprimento do Código do Trabalho.

Em relação aos estágios do IEFP, nomeadamente os estágios INOV-Jovem, lembramos que o regulamento dos mesmos determina que o candidato a estagiário não pode ter qualquer relação laboral prévia com a empresa aprovada para oferecer o estágio. O não cumprimento desta norma determina que a entidade empregadora em causa seja imediatamente excluída desta e de qualquer outra medida de apoio ao emprego ou formação do IEFP, podendo ainda ser activado um processo cível contra o infractor.

Recordamos também que os estágios denominados curriculares, não representando legalmente uma relação laboral mas sim uma etapa do processo formativo, só podem ser realizados mediante protocolo assinado entre a entidade empregadora e a entidade formadora, que designe um coordenador de estágio para acompanhar o formando. Qualquer estágio não protocolado não pode ser considerado curricular, constituindo mais uma vez uma situação de Contrato de Trabalho e tendo de respeitar os requisitos acima enunciados.

Por último, esclarecemos que os anúncios de emprego não podem discriminar os candidatos, seja pela idade, sexo, raça ou outros, podendo apenas diferenciar em relação à qualificação e conhecimentos necessários ou desejados ao desempenho da função anunciada.

O Carga de Trabalhos recusará, sem necessidade de qualquer outro esclarecimento, todos os anúncios que não respeitem um ou mais dos pontos atrás referidos, recusando qualquer responsabilidade factual ou moral em relação a eventuais incumprimentos por parte das entidades empregadoras.

Com os melhores cumprimentos,
Carga de Trabalhos"

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O Tropical

Para quem conhece Coimbra este nome não será estranho. O Tropical é um café de esquina,com dois andares, situado na Praça da República de Coimbra, frequentado sobretudo por estudantes. Foi o meu café fétiche durante os meus 4 anos em Coimbra.

Não pelo serviço (que era lento e era frequente o Sr. Madeira "enganar-se" no troco para amealhar mais uns 5 cêntimos por café) nem pelo sabor do café, que estaria na média de todos os outros. Era sim pelas mesas de ferro verde,pela vista sobre a Praça, pelas janelas de canto onde ficava a ler livros no Inverno com a chuva a cair no passeio, pelas conversas e tertúlias, por lá encontrar sempre uma companhia para o café, ainda que não tivesse combinado encontrar-me lá com ninguém. Havia um ar que não se explica, um ambiente que nem todos gostavam mas que a mim me dizia muito e que não voltei a encontrar em mais café nenhum depois.

Foi aqui que tive das discussões mais acesas e que partilhei ideias que, na altura, ainda achava poderem mudar alguma coisa. Na época penso que a maior parte de nós que frequentávamos o Tropical ainda tínhamos a ingenuidade de achar que poderíamos mudar o mundo. Aquela inocência inabalável de uma adolescência prestes a terminar. Como eu tenho saudades dessa sensação e, também, muitas, dessa troca de ideias, desse fervor nas palavras.

Não sei o que é feito da maior parte das pessoas que paravam pelo café. Algumas, tenho a certeza, ainda por lá continuarão, absortas à passagem do tempo. Outras, que vou encontrando aqui e além, agora falam menos, conhecem menos palavras, falam de coisas triviais a maior parte do tempo, falam de não terem tempo. Queixam-se mais e encolhem mais os ombros, como se todos os males da sua vida estivessem para lá do seu controlo ou poder em mudar. Tornaram-se mais adultos, e isso não é um elogio, a maior parte das vezes não traz nada de bom.

Este café Tropical, que é só meu, é no fundo uma tentativa de procurar ter tempo para pensar, para escrever, para debater, nem que seja num monólogo comigo mesma. Perdi-me tanto desde que saí de Coimbra. Deixei de saber quem sou ou o que quero. A vida não foi tão simples como eu julgara. Mas há tanto de mim que ainda é tal como dantes e que eu quero conservar.

Alguém me disse que o Tropical já não tinha cadeiras verdes de ferro...que foram substituídas por aquelas cadeiras horríveis de plástico com o logótipo da Sagres, ou outra marca do género. Eu nunca mais voltei a Coimbra depois que acabei o curso, pelo que não tenho a certeza disso e, creio, prefiro não saber. Porque a imagem mental que irei guardar será sempre a das mesas verdes espalhadas no passeio.

Também eu

...me rendo ao poder das novas tecnologias e, aproveitando o tempo abundante com que ultimamente me vejo a braços, decido começar um blogue. Não para expor a minha vida diária, por mais monótona ou excitante que seja, mas mais por uma necessidade de falar do mundo à volta e do que me rodeia.

Eu sou uma aficcionada do papel e da caneta, não os vou abandonar nunca em prol de um teclado...mas como hoje em dia facilmente se passa mais tempo frente ao pc do que a um bloco de notas, será mais fácil por aqui colocar alguns pensamentos em "folha".