quinta-feira, 15 de setembro de 2011

“Começamos a entrar na idade em que as coisas se vão perdendo”

Esta frase é do Jorge Vaz Nande, neste post aqui. Leio-o e penso, mais uma vez, depois destes anos todos, "acertas de novo".

Reencontrei-o através do facebook e conheci-lhe o nome antes do rosto, diferente do que me lembrava.
Guardo os recortes daquela "A estrada Curva", a crónica da última página da Cabra, lado esquerdo do layout. Era a primeira coisa que lia naquele jornal universitário. Sentada nas cadeiras verdes do Tropical, a regatear trocos com o sr. Madeira. Sabia-o a cursar direito e tinha uma secreta inveja de um estudante de direito poder escrever assim. Eu, a cursar jornalismo, não escrevia assim. Parecia-me contra-natura. Na verdade, um jornalista tem que ser factual, objectivo, claro, curto, conciso, os três preciosos c´s. E eu gosto desse tipo de escrita, mas para "trabalhar". Para mim mesma, para me emocionar ou fazer pensar gosto de pessoas que escrevem assim.

Como disse, guardei os recortes daquela crónica que mais me tocaram, e soube que foi editado um livro com o mesmo nome da rubrica. Mas com o tempo perdi-lhe o fio à meada. Por isso foi bom reencontrar de novo esta escrita sensível e sarcástica. Tal como foi bom de ver que o estudante de direito largou a jurisprudência para se dedicar ás artes e é hoje guionista de uma empresa de produção cinematográfica em São Paulo, no Brasil.

Nunca o conheci pessoalmente, só de vista, mas agrada-me ver vidas que se cruzaram brevemente com a minha tomarem rumos inimagináveis ( ou não, porque na verdade nunca o imaginei como advogado). Quantas vezes faço este exercício de imaginar o que será a vida daquela pessoa dali a x tempo?! E quantas vezes esses cenários imaginados correspondem às expectativas?! Quase nunca não é? Por isso é que é bom de saber...porque, em última análise, faz acreditar a nós mesmos, que tudo o que um dia imaginamos, na inocência daqueles 18 anos, ainda é possível de ser alcançado.


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