segunda-feira, 30 de maio de 2011

O que uma noite mal dormida tem que ver com o contrato social

As segundas feiras são sempre os dias em que durmo pior. Porque me deito mais tarde no fim de semana e acordo mais tarde também, ao domingo à noite nunca tenho sono à hora que devo. Consequentemente adormeço tarde e a más horas. Mas hoje, com esta chuva, era excelente dia para ficar na cama, quando acordei e ouvi a chuva a cair lá fora só apetecia inventar uma desculpa e não vir trabalhar.
Agora percebo porque - na universidade- ouvia sempre repetida a frase cliché de aproveita enquanto podes. Hoje seria um daqueles dias em que com certeza, faltaria ás aulas de manhã.Tive que tomar um café, que não me fez nada, seguido de chá preto que, aí sim, me despertou. A coisa está tão mal que já é a segunda vez esta manhã que vou ao WC só para me espreguiçar e tentar derrubar o sono! Todo o teu corpo te pode pedir por mais descanso, pouco importa, somos escravos do nosso dia a dia, do nosso trabalho, inventámos uma sociedade de nos oprime e torna para sempre obrigados a fazer o que não queremos. Ainda para mais, o contrato social tal como conhecemos de John Locke, praticamente não existe mais.

A ideia faz sentido: a sociedade trabalha para se manter coesa e proporcionar bens e serviços uns aos outros, para criar progresso e desenvolvimento, em troca o governo protege os cidadãos e proporciona-lhes benesses comuns em troca dessa organização. Segundo Locke, um governo que não dá nada em troca aos seus cidadão, coloca-se numa posição de anarquismo, de revoltas, o regresso ás trevas em que cada um faz o que lhe apetece porque nada tem a lucrar com o bem comum. No fundo, o sistema funcionava bem porque era um sistema de troca por troca. Mas quando não há nada para regatear de volta, porquê obedecer a regras que só nos prejudicam? Porque hei-de eu levantar cedo todas as manhãs e aguentar um trabalho que pouco prazer me vai dando para no final do mês me ver descontado tanto dinheiro do salário final? Dinheiro que é meu por direito, fruto da minha obrigação e que nunca mais vai reverter para meu benefício?! Dou tanto dinheiro a cada mês e em troca o que é que ganho? Transportes mais caros, um sistema de saúde moroso, dispendioso e pouco eficiente e uma reforma inexistente. Tanto dinheiro a sair, que mal sobra para o resto do mês e ainda tenho de pensar em começar um PPR, se quero ter um pé de meia para mais tarde. E um pé de meia tem de se começar cedo!
Isto faz algum sentido? Contribuir para o bem de outrem sem nada em troca a não ser a degradação da minha qualidade de vida? Não sou a Madre Teresa de Calcutá nem tão boa samaritana assim e acho que para isto funcionar como deve, como o verdadeiro contrato social, cada um de nós devia começar a recusar-se a pagar. Se todos o fizéssemos ele iriam fazer o quê? Colocar toda a gente atrás de grades? Caramba termos tanto poder e não haver ninguém que organize este poder todo de modo a obter resultados!

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