segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Último fim-de-semana em Paris










Sexta. Perder-me nas ruazinhas de Abesses. Pigalle à noite. Jantar no Indiano. Comprar os últimos souvenirs em Montmartre - nunca sei o que hei-de oferecer e acabo por trazer coisas sem alguém destinado em mente. O Moulin de la Galette iluminado. O Cafe des deux Moulins que não tem nada que ver com a imagem que tinha do café da Amélie, inclusive a (ausência de ) simpatia do empregado - devia ser proibido ali, só deviam contratar pessoas tão bem-dispostas e sorridentes como a Amélie - but then again, it´s not Disneyland .
Sábado. O Outono à porta, o jardim du Luxembourg pavimentado de folhas no chão, chuva, frio súbito. Não tenho camisolas quentes nem casacos aconchegantes aqui comigo. Improvisei com botas e lenços ao pescoço. Descer até ao Quartier Latin. Comprar pão e croissants no sítio do costume. Passar no boulanger libanês e trazer baklavas e doces de amêndoa e pistachio. Os comerciantes sempre a regatear clientes na rua, cada um com a sua técnica. Passo sempre por italiana, espanhola, raramente por portuguesa. Livraria do Shakespere. O rapaz inglês carimba-me os sonetos que comprei e descubro que fala português, coisa rara num britânico. A Notre Dame ali do lado, a mesma fila gigante de pessoas à espera para entrar, faça chuva ou sol. Fico sentada a olhar a catedral durante muito tempo, as pessoas que passam, as margens do Sena. Levanto-me quando dou conta que estou gelada. Procuro um salon de thé, encontro quando já são 18h e eles deixaram de servir café e vão começar a servir jantar! Pois! Procuro um café normal. Sento-me na esplanada com aquecimento. Peço um café-creme, pago quase 5 euros, mas que se dane, tenho vista para o rio e é um dos últimos cafés que tomo aqui. Não consigo esperar e acompanho com os bolos que comprei no libanês. Espero até conseguir aquecer e caminho ate Chatelet. A noite chega, a cidade ilumina-se e a ideia é ver a Torre mais uma vez. Do Trocadero, cheio de turistas. A imagem dela acesa e a cintilar ainda me deixa com um sorriso. Já tenho tantas mas tiro sempre mais uma foto. Digo baixinho 'Au Revoir' e olho para trás mais uma vez antes de entrar no metro.

Domingo. Comecei o dia em Montmartre. Brunch ao meio-dia num sitio encantador e com muito boa companhia. Vou sentir falta destes mimos. J. os cup cakes eram divinos! Em Lisboa vou experimentar os daquelas lojas de que tanto falam mas duvido que sejam tão bons como aqui. Sigo para Montparnasse e desço até St. German des Pres. Acrescento mais umas serigrafias à minha já alargada colecção. Não sei onde vou colocar tanto quadro e imagem de Paris, mas depois invento as paredes se preciso for. Penso em apanhar o metro para o Marais mas quando dou por ela já estou a meio caminho a pé de la. Ainda me doem as pernas do que caminhei. Começa a chover. Abrigo-me num petit-café com vidros para as pessoas que passam na rua. Espero que a chuva passe. Mas não passa e eu não tenho chapéu. Volto para casa finalmente e começo a fazer a mala e assusto-me pouco depois, ainda não vai a 40% e já esta quase cheia. Penso na minha vida nestes últimos seis meses, nas coisas que mudaram dentro de mim, naquilo que quero e nas coisas que não quero mas que não sei como sair delas. E pergunto-me se daqui a outros seis meses ainda estarei em Lisboa ou noutro lugar a tentar encontrar-me. O curioso no meio disto tudo e que acho que continuo à espera que a vida comece, como se até agora tivesse sido um aquecimento antes do jogo principal. Mas ás vezes esqueço-me que a vida é o que acontece quando estamos ocupados a fazer planos.

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