sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Discriminação?!Não, (apenas) despiste de droga



















Passei a manhã inteira a fazer exames médicos. Tudo isto para poder trabalhar, durante a época de Natal, num conhecido centro comercial do centro lisboeta. Primeiro fazes os exames todos, depois és contratada. Eles dizem que servem apenas para fazer o despiste de drogas (e, de facto, além da urina da manhã que tínhamos que levar de casa, chegados lá ainda nos pediram para urinar na hora para um tubinho minúsculo!) mas fizeram exames de audição, de visão e check - up completo, além de um monte de perguntas indiscretas que penso que não são para ali chamadas nem tem relevância nenhuma para a função. Por exemplo, a profissão, nome e idades doos meus pais são importantes porquê motivo?!

A verdade é que alguém que esteja grávida, tenha audição de velha ou seja seropositiva, tenho as minhas sérias dúvidas que essa pessoa seja chamada para assinar contrato. Isso não é ilegal? Discriminação? Claro que a empresa irá sempre alegar que os motivos são outros e, nunca se poderá provar este tratamento diferenciador.

Assusta-me esta invasão de privacidade. Percebo que a empresa em questão queira manter o seu grau de profissionalismo, mas há informações desnecessárias, em nada relevantes e exames que em nada têm que ver com a despistagem de drogas. Confesso que me senti invadida e constrangida, além de que a enfermeira ou técnica, ou sei lá o quê que ela era, que me tirou sangue, magoou-me como nunca antes para tirar sangue. Eu não sou nada queixinhas nestas coisas e sou daquelas pessoas a quem as agulhas não fazem impressão, nem tem problema em dar sangue, mas fiquei com o braço todo dorido pois a "profissional de saúde" demorou eternidades desde que me espetou a veia até que dissesse para abrir a mão para que o sangue fluísse, e o tempo todo tive uma dor como se me estivesse a espetar a carne de uma ponta à outra. Além disso, não usou luvas. É de mim ou deveria usar?!

Cada vez mais os empregadores fazem o que querem e o que lhes apetece e, cada vez mais, o empregado é sujeita-se. A verdade é que odeio a maneira caladinha e branda, tão portuguesa de ser, resignada, aquele encolher de ombros, aquela conformidade silenciosa, aquele olhar de coitadinho. Na sua cabecinha não há outra alternativa senão "sujeitar-se". O que os portugueses se esquecem é que têm direitos consagrados na lei. Que não se aplicam na prática , pois não, mas porque ninguém lhes dá uso, não reclama nem luta por nada. Os empregados vão ser sempre mais do que os empregadores, e se todos nos recusássemos , por exemplo, trabalhar a recibos verdes ou a denunciar os falsos recibos verdes, ou a recusar todos os estágios não remunerados que nos propõem até depois dos 30 anos e por mais habilitações que tenhamos, a situação do trabalho em Portugal talvez pudesse ser bem diferente. É que assim não vai a lado nenhum, pelo contrário, tende a piorar.

Se houvesse mais "nãos" e menos medos, menos encolher de ombros, estávamos todos concerteza bem melhor em termos de mercado laboral.


2 comentários:

  1. Compreendo a tua revolta, mesmo. Há em Portugal situações que não lembram à imaginação mais fértil.
    A verdade é que também compreendo quem não reclama, porque para mover uma acção contra quem quer que seja são precisos fundos que as pessoas não têm, disponibilidade que também não têm e o mais certo é ficar tudo na mesma. As pessoas preferem um mau emprego do que nenhum e essa é uma razão muito boa.
    Cá para mim devíamos todos emigrar, a ver se não sentiam a nossa falta e faziam contractos.. Ora recibos verdes..pfu!!

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  2. Olá Margarida! Bem vinda!
    Obrigada pelo teu feedback. Sim, eu também concordo que devíamos todos emigrar, aliás, ando só há espera da oportunidade. Já estive no estrangeiro e assim que tiver hipótese regresso. Se estar longe nos faz ver o bom que Portugal tem e valorizar essas características, também acentua mais as coisas más do país, nomeadamente a situação de emprego.
    O que penso é que uma reclamação isolada não tem valor nenhum, mas que se fôssemos todos juntos, aí sim as coisas teriam que mudar.
    Um beijinho

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