segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Nova cidade, novo cabeçalho

Faz hoje um mês que regressei de Paris. Há sete meses atrás, quando deixei Lisboa tinha uma vida boa aqui, feliz. Fui com vontade de regressar e retomar tudo a partir do ponto onde tinha deixado e não questionei se as coisas que deixei estariam aqui ou não. A verdade é que em seis meses muito pode mudar e o meu regresso foi tudo menos feliz. Nada, absolutamente nada está no lugar em que deixei quando parti.

A casa que tinha decorado e onde me sentia bem. O grupo de amigos que entretanto parece ter dispersado um pouco por todo o lado. Toda a gente partiu, em seis meses toda agente parece ter mudado de vida, à minha excepção que voltei a uma cidade onde não tenho grande coisa agora, à qual não me sinto pertencer mais. É uma solidão pesada. Além disso sinto-me como se ainda estivesse a morar naquele quarto de apart-hotel, sinto falta de casa, ou da sensação de aconchego que andei seis meses a desejar e que agora não encontro aqui também. As pessoas são a chave de tudo e as minhas pessoas andam espalhadas pelo mundo.

Tudo isto, a par com um trabalho que não me dá particular prazer, leva-me a questionar, a duvidar de mim e da pessoa que me tornei ou quero vir a ser. Bem sei que é normalmente precisa uma grande queda, um grande rombo, antes de uma reinvenção, e talvez seja isso que preciso, de me redescobrir. Só desejava que a vida não me tivesse tirado tudo de uma só vez, como um penso rápido que se arranca. Pode ser que venha a passar mais rápido depois, mas agora o choque é tão grande que todos os dias, naqueles primeiro minutos da manhã entre o sono e a realidade, penso sempre que nada disto é real, que estou num não-lugar a caminho de casa e que estou quase a chegar, estou mesmo quase a chegar...quanto mais não fosse porque acho que já merecia.

1 comentário:

  1. A vida é assim. Melhores dias virão. Um conselho: viaje pelo país e terá novas perspectivas acerca de pessoas diferentes que tão importantes são para si.

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