segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Já não há pessoas boas

Ao longo da minha vida fui tendo a sorte de encontrar pessoas boas, generosas. Pessoas que, uma ou outra excepção à parte, contribuíam para o melhor mais do que para o pior.
Tanto estranho incrivelmente gentil - nunca mais esqueço o casal que me levou a mim e à M. numa corrida tresloucada de Gaia a Campanhã, só para que duas miúdas de Coimbra - que não lhes eram nada e que só partilhavam um gosto musical - não perdessem o último comboio após o concerto do Tim Booth no Hard Club de Gaia.

Bem, isto até há uns anos atrás, pelo menos. Talvez desde que acabei a faculdade. Desde aí a tendência inverteu-se e parece que a maior parte das pessoas que se vão cruzando comigo são sobretudo de tendência negativa. Será que fui eu que fiz algo para atrair isso, destino, karma? Ou, a causa mais provável é por ter entrado no "mundo adulto", ter perdido inocência ou alterado a forma como via as coisas ao meu redor? Acho que isto piorou desde há uns 3 anos para cá, com pessoas mesquinhas, capazes de tudo para te pisar, só porque sim. Só porque lhes dá prazer, ainda que não retirem nenhum benefício disso. Este aspecto é o que me faz confusão.

As minhas acções normalmente são derivadas e guiadas por um determinado motivo. Mas há pessoas cujo único motivo é ver os outros mal. É enganar, mentir, apenas pelo prazer mórbido que isso lhes traz. Muito amigas numa dada altura mas que vão por trás das tuas costas à primeira chance que tenham.


Tenho cada vez menos paciência para este tipo de pessoas, para as intrigas do trabalho, para a colega que fica a contabilizar os minutos da hora de almoço que chegamos atrasadas, a que dá graxa à manager, a que envia e-mails à amiga só para criticar. E normalmente, num ambiente destes, fica de fora quem não entra nestes joguinhos, nas tramas, quem não arranja "aliados", como se tudo fosse uma guerra ou um enredo de espionagem. É que não tenho paciência! Irrita-me cada vez mais e sei que acabo isolada porque normalmente toda a gente se deixa influenciar e toma partidos.

É curioso mas não é muito diferente do liceu. Há a miúda gira que flirta com todos, compete pela melhor roupa e fala mal de quem ela acha que vem mal vestida. Há a melhor amiga da gira, que no fundo queria ser como ela e que de vez em quando se vem queixar porque a amiguinha a despeitou ou respondeu torto. Há a gordinha que se acha mais inteligente que os outros todos e que só baixa a bolinha depois de ser sucessivamente metida no seu lugar com umas verdades bem ditas. E há aquela que está sempre à espera de lixar os outros, sempre à cuca de matéria para trabalhar.
Quando me queixo com indignação as minhas amigas dizem-me que no sítio onde trabalham é igual. Não sei se antes era eu que não me apercebia destas coisas, se se foram intensificando à medida que crescia. Sei que me fazem mais desconfiada e uma pessoa pior também. A minha generosidade para com esta malta quando ela precisa é praticamente zero depois. O que por sua vez não contribui em nada ao trabalho de equipa. Mas não podemos dar a mão a quem nos arranca o braço, ou podemos?

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