sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Da chegada e da partida

Fez ontem uma semana que te fui receber ao aeroporto. Nunca tinha estado nas chegadas de um aeroporto. Muitas vezes a minha mãe dizia-me que não se importava de esperar por mim no aeroporto porque adorava ficar a ver as reacções dos amigos e familiares que recebiam alguém nos braços. Até agora fui sempre eu a chegar, a ter alguém para me receber. Mas, na minha primeira vez na porta das chegadas, não estava feliz ou a sorrir expectante como todos os outros lá àquela hora. Aliás, devia ser a única que tinha os olhos marejados.
Recebi-te e, quatro horas depois fui-te levar às partidas. Nunca vi o aeroporto tão vazio, nunca me senti tão incerta sobre o que dizer: até amanhã, até breve, até sempre, até talvez nunca mais...
Mais um abraço, e finalmente aí vais tu. Não olhaste para trás, a parede interpôs-se no caminho quando o ias fazer. Não voltei a cruzar os meus olhos nos teus. Os meus olhos ainda marejados. Respirei fundo e parei um instante no meio daquele não-lugar vazio e silencioso. Depois dirigi-me à saída, apanhei um táxi. Quando olhei os aviões pela janela do carro já não tinha os olhos molhados. E, estranhamente, uma sensação predominante que nunca pensei sequer que pudesse lá estar : alívio. Um estranho mas libertador alívio.

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