quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Constatação

Enfiar seis meses dentro de duas malas não é tarefa nada, mas mesmo nada, fácil.
Esta semana tem-se resumido a arrumações, no trabalho e em casa. No escritório tenho uma caixa com quase 20 kg de papel e dossiers para enviar para Lisboa - ok confesso, os 20 kg não são só das coisas de trabalho, contrabandeei e mascarei os meus livros pessoais lá pelo meio. Em casa devo ter uma mala de quase 30 kg, a mochila com o PC e disco externo, a mala da máquina fotográfica maior, uma mala mais pequena de 10-15kgs e ainda uma mala de senhora. Como vou conseguir entrar no avião com tudo isto permanece um mistério, mas espero sempre pelo melhor. Sendo que o melhor é vestir toda a roupa que conseguir no portão de embarque, caso o peso ultrapasse os limites.

Amanha por esta hora vou estar de volta a Lisboa. Sem grande vontade, confesso, triste e alegre em simultâneo, mas preocupada. Gostava de poder voltar a casa mas com os escritórios e os colegas de trabalho daqui.

O fim--de-semana vai ser passado em limpezas à casa nova - o quarto novo, vá!compras para rechear o frigorífico - e eu que aqui estou a dar tanta comida que ainda tinha - e comprar o que mais faltar lá em casa. No meio disso tudo espero ter um bocadinho de tempo para mim e para respirar. E sol, muito sol e céu azul. No entretanto sei que não devo ter TV até segunda feira, pelo menos, nem Internet, por tempo indeterminado.Por isso o blogue vai ficar em suspenso a partir de amanha, até que eu me possa conectar ao mundo de novo.

Foram 13 as casas onde já morei, 13 senhores! Começo a ficar seriamente cansada de empacotar, desempacotar, comprar, dar ou jogar fora, tratar da Internet, da TV, de mudar todas as minhas coisas, de as ter espalhadas por aí e ás vezes nem saber já o que tenho. Ainda que Lisboa já me canse e este apartamento onde vou morar não ser onde penso ficar muito tempo, agradecia um bocadinho de estabilidade. Mas o maior é o desejo de aconchego, de casa. Onde quer que ela seja.


Vou sentir falta de chegar a casa ás quintas feiras e encontrar tudo arrumado. Há seis meses que não tinha que fazer limpezas. Adeus, mordomia! Olá esfregões e esfregonas! :(
«O povo tem que sofrer as crises como o Governo as sofre», Almeida Santos.

Eu não vi a anúncio das medidas de austeridade, mas ontem, quando telefonei aos meus pais tive um insight da bela trapalhada que anda no pais para o qual agora tenho de voltar.

Hoje fui lendo pedaços dos discursos dos nossos governantes e encontrei esta pérola de sabedoria. Esta malta deve andar a gozar com a cara das pessoas, leio isto e fico com um nó de revolta a formar-se no estômago. Entoa o povo também tem salários recheados, ajudas de custo, carro de empresa e reformas milionárias?! No meio da treta toda que anunciaram ontem, por algum momento anunciaram renunciar às milhentas comissões que recebem ou aos salários que auferem no final do mês? Para mim eram todos corridos de lá para fora, o problema mesmo é a questão da sucessão, porque não há alternativas válidas.

terça-feira, 28 de setembro de 2010


Esta senhora deve andar a tentar bater algum recorde, só pode. Engraçado é como é que depois estas notícias falam de amor. Curioso também é ela ter uma filha de 5 anos e bombardear a criança com caras diferentes a cada mês que passa. Alguém lhe receite uns calmante por favor!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga! Ora doce!
Pra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura!

Último fim-de-semana em Paris










Sexta. Perder-me nas ruazinhas de Abesses. Pigalle à noite. Jantar no Indiano. Comprar os últimos souvenirs em Montmartre - nunca sei o que hei-de oferecer e acabo por trazer coisas sem alguém destinado em mente. O Moulin de la Galette iluminado. O Cafe des deux Moulins que não tem nada que ver com a imagem que tinha do café da Amélie, inclusive a (ausência de ) simpatia do empregado - devia ser proibido ali, só deviam contratar pessoas tão bem-dispostas e sorridentes como a Amélie - but then again, it´s not Disneyland .
Sábado. O Outono à porta, o jardim du Luxembourg pavimentado de folhas no chão, chuva, frio súbito. Não tenho camisolas quentes nem casacos aconchegantes aqui comigo. Improvisei com botas e lenços ao pescoço. Descer até ao Quartier Latin. Comprar pão e croissants no sítio do costume. Passar no boulanger libanês e trazer baklavas e doces de amêndoa e pistachio. Os comerciantes sempre a regatear clientes na rua, cada um com a sua técnica. Passo sempre por italiana, espanhola, raramente por portuguesa. Livraria do Shakespere. O rapaz inglês carimba-me os sonetos que comprei e descubro que fala português, coisa rara num britânico. A Notre Dame ali do lado, a mesma fila gigante de pessoas à espera para entrar, faça chuva ou sol. Fico sentada a olhar a catedral durante muito tempo, as pessoas que passam, as margens do Sena. Levanto-me quando dou conta que estou gelada. Procuro um salon de thé, encontro quando já são 18h e eles deixaram de servir café e vão começar a servir jantar! Pois! Procuro um café normal. Sento-me na esplanada com aquecimento. Peço um café-creme, pago quase 5 euros, mas que se dane, tenho vista para o rio e é um dos últimos cafés que tomo aqui. Não consigo esperar e acompanho com os bolos que comprei no libanês. Espero até conseguir aquecer e caminho ate Chatelet. A noite chega, a cidade ilumina-se e a ideia é ver a Torre mais uma vez. Do Trocadero, cheio de turistas. A imagem dela acesa e a cintilar ainda me deixa com um sorriso. Já tenho tantas mas tiro sempre mais uma foto. Digo baixinho 'Au Revoir' e olho para trás mais uma vez antes de entrar no metro.

Domingo. Comecei o dia em Montmartre. Brunch ao meio-dia num sitio encantador e com muito boa companhia. Vou sentir falta destes mimos. J. os cup cakes eram divinos! Em Lisboa vou experimentar os daquelas lojas de que tanto falam mas duvido que sejam tão bons como aqui. Sigo para Montparnasse e desço até St. German des Pres. Acrescento mais umas serigrafias à minha já alargada colecção. Não sei onde vou colocar tanto quadro e imagem de Paris, mas depois invento as paredes se preciso for. Penso em apanhar o metro para o Marais mas quando dou por ela já estou a meio caminho a pé de la. Ainda me doem as pernas do que caminhei. Começa a chover. Abrigo-me num petit-café com vidros para as pessoas que passam na rua. Espero que a chuva passe. Mas não passa e eu não tenho chapéu. Volto para casa finalmente e começo a fazer a mala e assusto-me pouco depois, ainda não vai a 40% e já esta quase cheia. Penso na minha vida nestes últimos seis meses, nas coisas que mudaram dentro de mim, naquilo que quero e nas coisas que não quero mas que não sei como sair delas. E pergunto-me se daqui a outros seis meses ainda estarei em Lisboa ou noutro lugar a tentar encontrar-me. O curioso no meio disto tudo e que acho que continuo à espera que a vida comece, como se até agora tivesse sido um aquecimento antes do jogo principal. Mas ás vezes esqueço-me que a vida é o que acontece quando estamos ocupados a fazer planos.
O meu Tó voltou e eu estou tão feliz de o ter de volta! Tive de ir directamente aos correios buscar os cd´s, que lá estavam sem nenhum motivo ou explicação do porquê de não terem sido entregues no hotel. Guardei os dados no disco externo e formatei tudo. Fiquei muito orgulhosa de conseguir desaparafusar e aparafusar todos os parafusos enquanto andava a mudar o disco rígido de um lado para o outro, já que para tudo o que sejam trabalhos manuais, inclusive com chaves de fendas, sou um zero à esquerda. Mas a necessidade aguça o engenho não é verdade?
Ainda estou em processo de voltar a instalar tudo de raiz, anti-vírus, Windows update, bs player, codec´s vídeo, mas como é bom voltar a ter o meu teclado e escrever com todos os acentos e pontuações. Sacaninha de vírus mais manhoso. Uma coisa é certa, vou estar muito mais atenta a tudo o que puder infestar o Pc.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A thousand splendid suns

Estou viciada na escrita deste senhor
Depois de ter devorado o Kite Runner, estou no mesmo caminho com este segundo livro. Ele sabe criar uma teia de suspense e uma tensao insuportavel que me tem feito dormir pouco por ficar agarrada noite apos noite a devorar paginas. Apegamo-nos as personagens e , no meu caso pelo menos, ganhei uma maior simpatia e um outra visao pela historia do Afeganistao. Antes caia na generalizaçao de achar que todo aquele povo partilhava da mentalidade fechada e extremista dos Taliban, que Kabul, a cidade que viamos nos jornais era uma cidade despida onde so havia deserto e carros ardidos a beira da estrada. Nao sabia por exemplo que o rio - que agora e um fio de agua suja que corre no leito - secou em 1997 depois de dois anos de seca extrema. Que as arvores foram todas cortadas para servirem de lenha porque, depois de anos de guerra civil, nao havia eletricidade para se aquecerem no Inverno. Que, a maior parte das pessoas tinha uma vida normal e relativamente proxima do nosso de vida ocidental e que nao tiveram escolha contra as sucessivas guerras e os governantes que vieram dai.

Uma das partes mais esclarecedoras quanto ao regime Taliban e quando, dois dias depois de tomarem o governo, terem distribuido panfletos com o seguinte texto:

(Versao inglesa e resumida)

' All citizens must pray 5 times a day. If it is prayer time and you are caught doing something other, you will be beaten.
All men will grow their beards. The correct lenght is at least one clenched fist beneath the chin. If you do not abide by this you will be beaten.
Singing is forbidden
Dancing is forbidden
Playing cards, playing chess, gambling and kite flying are forbidden
Writting books, watching films and painting pictures are forbidden.
If you keep parakeets you will be beaten. Your' re birds will be killed.

Attention women
You will stay inside your homes at all times. If you go outside you must be accompanied by a male relative. If you are caught alone on the street you will be beaten and sent home.
You will not, under circumstance, show your face. You will cover with Burqa when outside. If you do not you will be severely beaten.
Cosmetics are forbidden
You will not wear charming clothes
You will not speak unless spoken to.
You will not make eye contact with men
You will not laugh in public. If you do you will be beaten
You will not paint your nails. If you do you will lose a finger.
Girls are forbidden from attending school. All schools for girls will be closed immediately.
Women are forbidden from working.
If you are found guilty of adultery you will be stoned to death.
Listen, Listen well. Obey. Allah - u- akbar.'

Deus e grande, e o que eles proclamam! Nao vejo o que Deus ou Ala tem que ver com isto. It just makes me sick to my stomach.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

À bientôt, j'espère


A reuniao correu bastante melhor do que esperava. A voz a tremer no primeiro minuto mas depois consegui relaxar e as coisas desenrolam-se bem. As reunioes que puderem surgir a partir de agora serao sempre mais fàceis. Agora è preparar o meu atè breve a Paris; parto daqui a uma semana e hà uma nostalgia a instalar-se cà dentro, um apertozinho de quem sabe as saudades que vai ter, de quem quer viver mais, aproveitar mais.

O meu ultimo fim-de-semana na cidade das luzes està à porta e quero sobretudo que nao seja o ultimo. Ainda tenho tanto que queria fazer antes de ir. Queria mais 3 meses, queria o Outono em Paris, as folhas despidas no Parc Monceau, os 'salon de the' cheios quando faz frio, as lojas com roupas de Inverno. O que me vai fazer falta nao vai ser visitar Paris esporadicamente, porque isso tenho a certeza que irei fazer. O que me vai custar mais vai ser deixar de morar aqui, de poder ir tomar cafe a St German de Prèes quando me apetece, de jantar na Rue Mouffetard, de ver a Torre Eiffel ao longe, das pequenas coisas, de tanta coisa...

Cougar Town


Està a dar um programa na televisao francesa sobre mulheres cougar. Uma espècie de documentàrio que segue umas 4 mulheres, dos 45 anos para cima, que se passeiam por Paris à caça de homens mais novos. Literalmente à caça. E nao, nao tem nada que ver com a serie Cougar Town, da qual a giraça da Courteney Cox è a protagonista. Estas tem um comportamento tao desesperado e ridiculo que dà vomitos ver. Nao tenho nada contra mulheres mais velhas com homens mais novos, mas mulheres de 60 anos que nao tem noçao da figura que fazem e que afirman que rapazes de 22 se apaixonam por elas, quando è tao obvio que o que os faz 'apaixonar' è o dinheiro e as prendas que recebem em troca, è so triste.

Ainda que este comportamento seja tao comum entre os homens desde ha tanto tempo, nas mulhers choca-me ainda mais porque julgava que as mulheres tem mais bom-senso e mais noçao do que os homens no que toca a crises de meia idade. Pelo vistos nao tenho razao. C' est dommage! E triste!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O meu dia hoje foi para esquecer. Stressante, complicado, apressado. Amanha tenho uma reuniao com um cliente - com o qual contacto hà apenas duas semanas e do qual desconheço tudo - e tenho de fazer duas apresentaçoes distintas. Hà pessoas que estao ha 8 meses com os respectivos clientes e ainda nao tiveram que fazer apresentaçao alguma. Eu, tenho uma passado duas semanas. è preciso azar!

Jà é suficientemente mau nao conhecer as especificidades, estar a falar de assuntos que ainda nao domino bem e ainda ter que me lembrar dos termos mais apropriados, que posso dizer isto mas nao aquilo, que tenho de substituir uma palavra pela outra, mais adequada às susceptibilidades do cliente, que tenho que sugestionar a venda e mais nao se o que.

Um colega meu que tem o mesmo cliente, vai estar presente na reuniao mas a apresentaçao vai ser feita pelo antigo account; atè para ele ver como a coisa se processa. Ou eu devo ser mesmo muito competente ou os meus managers nem se lembraram que, se calhar, pode dar mau resultado meter uma maçarica a fazer um trabalho que requer alguma segurança que advem da experiencia. Amanha vai ser lindo! Em todo o caso jà so quero isto ultrapassado para me preocupar com o que realmente interessa ... fazer planos para o meu 'au revoir Paris'!

O meu colesterol deve ter disparado

depois destes seis meses a alimentar-me à base de saladas com queijo e brusquettas caseiras com queijo, todo o tipo de queijo.

Cozinhar aqui so muito raramente e opto pelo mais ràpido e simples: saladas. Portanto, vegetais frescos e saudaveis, oregaos, azeite e vinagre de noz - que desconhecia existir sequer, mas que è muito bom - e queijos! Aqui sao baratos e hà tanta diversidade que quase todos os dias experimento um diferente. Nao sei como ainda nao engordei mais!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Coisas das quais nao irei sentir falta

Do atendimento nas lojas.

Hoje entao fiquei piurça na Zara. Nao so a menina dos provadores era de uma antipatia incrivel, parecendo furiosa pela roupa que tinha de dobrar, como, quando fui perguntar se havia uma saia num tamanho mais pequeno, nem bonjour, nem sorriso, nem direito a um olhar de atençao tive sequer, levei sim foi com a seguinte resposta rispida: 'Senao esta ai è porque nao hà'. Como se nao houvesse armazem e como se eu ja nao tivesse trabalhado numa Zara para saber como a coisa se processa quando se esta demasiado farta de ir a armazem. Mas esta resposta tinha uma arrogancia e uma impertinencia que me deixou com vontade de responder à altura. Normalmente quando reclamo consigo afastar-me do facilitismo de mandar uma asneirada em portugues, mas hoje saiu-me um f***-** os franceses e virei costas antes que me passasse. Evidentemente sai da loja sem comprar nada.

Tambem ja aconteceu ir a uma Fnac, pedir um conselho sobre um produto e ouvir 'Voce è que deve saber'.

Ou o V. que, quando foi a Torre Eiffel se deu conta que tinha pago bilhete ate ao segundo andar mas recebido um que lhe dava apenas acesso ao primeiro. Voltou para tràs e educamente chamou a atencao para o erro, mas recebeu inves uma funcionària que se pos a contar o dinheiro em caixa e lhe disse que estava dinheiro em falta e nao a mais. O nome dela foi directo para o livro de reclamaçoes e o V. conseguiu entrada VIP e ultrapassar as filas todas directamente atè ao topo.

Talvez estejamos mal habituados em Portugal mas acho inadmissivel o mau serviço, a cara fehada, a antipatia e pouca prestabilidade dos empregados das lojas, cafes e generalidade dos serviços, turisticos ou nao. Especialmente quando dependem do publico.

Desculpem pela falta de acentos, mas continuo com o pc emprestado. Jà mandei vir os cds do meu Toshiba de PT em correio azul e registado. Uns 3 dias, foi quanto disseram que ia demorar. Jà faz hoje uma semana. Palpita-me que ai vai mais uma reclamaçao, especialmente quando pago mais por um serviço cuja finalidade nao è de todo cumprida.

sábado, 18 de setembro de 2010

Till it happens to you

Costumava haver gestos tao simples, gestos que quase nao se dava conta no dia-a-dia. Pousavam leves como um beijo no rosto, uma caricia no ombro a meio do dia e que nos fazia sorrir. Coisas simples, banais quase. Que damos por asseguradas porque faz parte, sempre fez afinal. Que faziam o dia ser melhor, por esse mesmo gesto banal, mesmo quando nao nos apercebiamos da sua importancia.

Quando nos começamos a dar conta è quase sempre quando essas pequenas coisas comecam a desaparecer, a pouco a pouco. Primeiro è a frequencia que diminiu, depois a ausencia instala-se. Aquele beijo roubado a meio do trabalho quando nem è suposto atender o telefone. Aquele extra esforço que se faz para se poder estar junto no final do dia. Passa so a ser possivel se der, se as circunstancias permitirem. O imperativo è substitudo pelo condicional, o 'vou, estou, quero,' pelo 'tentar, gostava, queria' . Passa a haver muitas explicaçoes, desculpas e justificacoes para quase tudo. O motivo por que jà nao se liga a meio do trablho è porque se està a meio do trabalho e se pode falar depois. Nao tem nada que ver com a falta de vontade, nao tem que ver com nos lembrarmos da outra pessoa. Nao, nada disso. às explicacoes mais que logicas junta-se a negaçao do obvio. Tudo è mais racional, nada è uma avalanche de sentimentos mais. Instala-se o comodismo . Se der deu, se nao der fica para a proxima, se nao for hoje è amanha. Nada è grave.

'Mas eu gosto de ti'. Nao è mentira. Gosta-se. Mas perdeu-se o resto e nem se deu conta. Nao se sente a falta, nao se da conta dessa falta dos telefonemas por exemplo. E doi, doi tanto, quando a pessoa que antes precisava desses mesmo gestos para saber que tinha ali algo especial, agora acha as pequenas queixas um exagero, uma picuinhe, mais algo que serve para arranjar um problema. A mesma pessoa que antes sabia na hora o que queria dizer, agora parece uma outra a quem nao sabemos para onde foi a personalidade de antes. E depois, claro, tudo tem explicacao, tudo è racional e obedece ao bom senso. Faz sentido afinal. Pra que ligar a meio do trabalho para um beijo rapido quando se pode ligar depois? Entao porque è que sabia tao bem quando se roubava esses dois minutos de telefonema?! Explica-se isso tambem?! E se era bom, porque nao se faz?! Explica-se tambem?! Sem essa de que se esta a trabalhar ou nao ha saldo. Isso acontece todos os dias? 'Ainda nao ha muito tempo te liguei no teu aniversario'. Um no na garganta, um no tao grande

Os dias vao passando. Ha horas tao pesadas.Horas em que se torna tao claro, tao claro para alguem como eu pelo menos. Que nunca fui à bola com a historia de que o amor acalma e a rotina tem de se instalar a algum ponto, ou que hà coisas que tem que terminar so porque passou um determinado tempo. Gestos que deixam de existir. Nada disto è inofensivo, ao contrario do que ele julga. Um dia olho e ja nao vejo nada, um grande, negro pedaço de nada. Um dia os meus olhos so vao ter tristeza e desilusao. Sinto-me um bocadinho mais velha, mais adulta. Continuo è a ser ingenua ao acreditar que quando è mesmo aquilo, as coisas boas nunca mudam, hà coisas que se continuam a fazer a vida toda. Mas a vida mata o amor, como escreveu o MEC. Eu ja tinha sido avisada quando li o seu texto, ja sabia . A vida mata o amor. Mas so e real quando nos acontece a nos.

I know what I said
Was heat of the moment
But theres a little truth in between the words we've spoken
Its a little late now to fix the heart thats broken
Please don't ask me where I'm going
Cause I don't know
No I don't know anymore

It used to feel like heaven
Used to feel like may
I used to hear those violins playing heart strings like a symphony
Now they've gone away
Nobody wants to face the truth
But you wont believe what love can do
Till it happens to you

Went to the old flat
Guess I was trying to turn the clock back
How come that nothing feels the same now when I'm with you
We used to stay up all night in the kitchen
When our love was new
Oooh love I'm a fool to believe in you
Cause I don't know
No I don't know
Anymore

Nobody wants to know the truth
Until their hearts broken
Don't you dare tell them
What you think to do
Till they get over
You can only learn these things
From experience
When you get older
I just wish that someone would have told me
Till it happens to you

Corrine Bailey Rae

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Do regresso

Faltam pouco mais de duas semanas para deixar Paris e regressar a Lisboa. Os seis meses voaram. Deixo tanta coisa para ver, para fazer nesta cidade 'a qual vou ficar presa Tinha uma lista de coisas a ver que vai ficar quase preenchida, mas fica ainda tanta coisa. Gosto de deixar as cidades nas quais vivi assim, com listas incompletas de coisas a fazer, motivos pelos quais regressar.

Com Paris perfaz 7 as cidades nas quais ja vivi, 4 em Portugal, 3 no estrangeiro. Foram 13 casas ao longo dos anos, 13 casas nas quais morei, que decorei, das quais gostei ou nao, das quais me despedi, cada uma com um cheiro, uma recordacao.

Paris vai deixar saudades. Mesmo a forma de trabalhar c'a vai deixar saudades. La diz-se que 'e menos descontraido, mais severo e rigoroso. E na verdade nao tenho grande coisa para a qual voltar em Lisboa. Ja nao tenho um lugar ao qual chamar casa la. Saio de um quarto de hotel aqui para ir morar noutro quarto. A unica grande diferenca è que posso ir a casa nos fins-de-semana, rever os amigos com mais frequencia. E tenho a certeza que Lisboa me vai parecer tao pequena agora. Aconteceu o mesmo com Coimbra, quando voltei de Roma. As paixoes maiores engolem as mais pequenas e depois parece que ha um encanto que se quebra. è normal estar quase a regressar e ter esta vontade de partir de novo?

Coisas das quais vou sentir saudades

De me limparem o quarto uma vez por semana e nao ter de fazer limpezas ha meio ano, do ritmo de Paris, de haver sempre algo a acontecer, das pessoas bonitas,bem vestidas que se cruzam a cada esquina. De procurar no ceu a Tour Eiffel iluminada, Montmartre ao sabado de manha, Cafe em St Germain des Pres; falar françes, falar ingles, falar italiano. Da mistura de nacionalidades. Das after works a 15 euros, dos homens bonitos nas Tuileries, de nao ter que me preocupar com o saldo do cartao de crèdito.

Por outro lado...

Nao vou sentir falta da lavandaria, do metro sujo e malcheiroso, das constantes greves dos transportes, do apart-hotel onde moro, dos franceses xenofobos e irritantes, rudes e mal-educados. Da multidao de gente, a qualquer hora, em qualquer lado, deste clima inconstante.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Na mesa de cabeceira

Depois deste livro - e ja nao lia um romance assim ha tanto tempo, que me prendesse as paginas e me fizesse ficar a le-lo ate as 4h da manha porque e impossivel parar - comecei este, do mesmo autor.

Um livro a folhear

Entretanto, ao ler o Ipsilon descobri este projecto. Entre 1997 e 2003 o autor percorreu os metros de Londres, Moscovo, Sao Paulo, Atenas, Cairo, Berlim, Lisboa, Estocolmo, Tokio.

' Lisboa foi, até mais do que Moscovo, a cidade onde o metro transportou as caras mais tristes', diz o autor Surpreendente, ou talvez nao?! A versao online aqui!

Desculpem os erros mas neste teclado nao consigo colocar os acentos e nao tenho tempo para ir corrigir em word!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A S. salvou-me a vida. Emprestou-me um pc velhinho que me vai mante sa enquanto o cds para formatar o meu portatil nao chegam via correio. O teclado e em frances, por isso nao ha acentos, mas e bem melhor que nada. Ola mundo de novo!

sábado, 11 de setembro de 2010

Como um mal nunca vem só...

As semanas de férias foram tão boas e tão tranquilas que coisa boa não podia estar ao virar da esquina. Desde que voltei tem sido um azar atrás do outro, sendo o maior deles todos o coma do meu Toshiba, o meu adorado e `can´t live without´Toshiba.
Do nada bloqueou e quando tentei reiniciar de novo, dá um erro da aplicação lass.exe e não inicia sequer, fica ali naquele ecrã negro, com a seta do rato. Pelo que ví deve ser vírus e há maneira de o remover, se ao menos conseguisse entrar no sistema. Mas não tenho cds de arranque ou de formatação (já não me importo de perder as fotos, só quero é a minha conexão de volta). Vaí daí bota de tentar encontrar uma loja de reparações em Paris, o que não é tarefa fácil, ao contrário do que parece. Como deve ser vírus diz que só serviço de domicílio, ao que acresce logo uma taxa de deslocação massiva. Não compensa, quase vale mais comprar um novo. E sendo que daqui a 3 semanas estou de volta a PT, prefiro comprar lá, ao menos fico com um teclado com todos os acentos e pontuações.
A última tentativa vai ser passar o disco para uma caixa externa, para a ligar a um outro pc e ver se consigo remover o sacaninha dessa forma. Quem perceber alguma coisa disto é muito bem-vinda a ajuda! Sei que deve ser um vírus chamado Sasser, e que nem em modo de segurança consigo entrar. Nos últimos dois dias li uns quantos fórums sobre o assunto mas nenhum dá uma solução para quando este vírus nem deixa entrar no pc.
O meu desespero é grande e cresce a cada dia em que entro no quarto e não posso nem ouvir música, ou ver um filme, ou consultar o e-mail, ou falar com ninguém; estou isolada tipo monge no meu quarto, e é só nestas alturas em que se dá conta de como estamos dependentes, ainda mais nesta situação, em que conto com o pc para tudo basicamente.
Para cúmulo, também não posso dar grandes passeios porque o pé que magoei nas férias voltou a piorar. Fui ao médico ainda em Pt, receitou-me um anti-inflamatório para tomar durante 10 dias, o qual tomei nem 48 horas porque me deu cabo do estômago e me deixou as mãos com tremores. Parei a medicação e não voltei ao médico porque não deu tempo. Claro que agora está a piorar e só com novo medicamento a coisa irá ao sítio. Estou, portanto, com mobilidade reduzida, confinada ao meu quarto sem qualquer distracção possível, a não ser um livro. Faltam 3 semanas para ir embora e, de repente, são 3, trés, trés longues semaines. Não sei se não será desta que corto os pulsos!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

4 dias depois de ter aterrado em França, voilá! Constipaçãozinha de boas vindas, não falha! Já quando aqui cheguei em Abril ressenti-me da poluição e do clima e a primeira coisa a sofrer é a minha garganta. Agora juntou-se febre e a constipação evolui para gripe. Culpa do ar condicionado. Isto na primeira semana em que estamos em mini-Lisbon, ou seja, uma situação em que simulamos estar já a trabalhar em Lisboa, a voar solo e sem poder contactar com os colegas que estão mesmo ao fundo da sala. Sem contacto físico, só podemos telefonar ou mandar e-mails. Telefonar quando nos conseguimos olhar de frente e ouvir o outro ali do lado do telefone. Não me habituo!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A propósito da lei da imigração em França

A propósito das novas leis de imigração adoptadas pela França, deixo o comentário que transcrevo mais abaixo e que vinha no artigo publicado no Expresso online de hoje. Não podia estar mais de acordo.
Não concordo com as manifestações a favor dos ciganos que foram mandados para a Roménia, foram voluntariamente e com 700 euros no bolso. A maior parte deles não trabalha e recebe subsídios, casa e ajudas sociais. Não querem fazer parte da sociedade, vivem à sua margem e ainda reclamam que a mesma sociedade lhes conceda mais privilégios. Sou da opinião que, para preservar certas liberdades na Europa tem que se proteger a nossa identidade e restringir a de quem vem por mal.

"Se atravessares a fronteira da Coreia do Norte ilegalmente, és condenado a 12 anos de trabalhos forçados.
Se atravessares a fronteira iraniana ilegalmente, és detido sem limite de prazo.
Se atravessares a fronteira afegã ilegalmente, és alvejado.
Se atravessares a fronteira da Arábia Saudita ilegalmente, serás preso.
Se atravessares a fronteira chinesa ilegalmente, nunca mais ninguém ouvirá falar de ti.
Se atravessares a fronteira venezuelana, serás considerado um espião e o teu destino está traçado.
Se atravessares a fronteira cubana ilegalmente, serás atirado para dentro de um navio para os E.U.A.

MAS ... Se entrares por alguma fronteira da União Europeia
ilegalmente, SERÁS OBRIGADO A TER:

Um abrigo ...
Um trabalho ...Carta de Condução...
Cartão Europeu de Saúde...
Segurança Social ...
Crédito Familiar ...
Cartões de Crédito ...
Renda de casa subsidiada ou empréstimo bancário para a sua compra ...
Escolariedade gratuita ...
Serviço Nacional de Saúde gratuito ...
Um representante no Parlamento ...
Podes votar, e mesmo concorrer a um cargo público ...
Ou mesmo fundares o teu próprio partido político !

E por último, mas não menos importante, podes manifestar-te nas ruas e até queimar a nossa bandeira, e: SE EU TE QUISER IMPEDIR, SEREI
CONSIDERADO RACISTA ! .......

... SEM DÚVIDA QUE PARECE IRREAL, MAS É A MAIS PURA DAS VERDADES !!
"

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

2 semanas de férias = 227 e-mails na minha caixa de correio. E as organizações ainda não terminaram hoje.

domingo, 5 de setembro de 2010

There´s no place like home






Estas férias rejuvenescerem-me, fizeram-me bem à cara, à pele, à alma...custa regressar, deixar este sol que aquece cá dentro, este aconchego.

Estou de volta a Paris. Fui recebida com sol também e com o cheiro a rosas. até chegar ao hotel, pelo menos, onde cheira a detergente de limpeza nos quartos...agora é entrar em contagem decrescente até dia 1 de Outubro.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Breve resumo das férias

Dias de sol e calor, o primeiro "taste" do verão para mim este ano. Praia, mar, sal na pele, pirolitos, a pele levemente dourada. Vestidos e calções todos os dias. Bolas de Berlim com areia, gelados, pão com chouriço, arroz de feijão, bacalhau, torradas, fruta, bitoque e carne bem passada, com tempero. Deitar tarde, acordar tarde. Ficar a ler um livro até ás 3h da manhã, não usar relógio, relegar o PC ao mínimo essencial. Visitar a família, conversar até perder a hora, não me preocupar com as horas, rever os amigos, sentar-me no sofá e sentir-me em casa. O meu quarto grande, a sensação de aconchego. Ir cortar o cabelo e não gastar uma fortuna. Um corte de cabelo novo ( a minha mãe diz que pareço a Cleópatra!) Um pé com o tendão inflamado e não poder usar saltos altos, dançar ou conduzir, 2 das coisas que mais queria fazer.

Querer ficar aqui assim, aproveitar o Verão que ainda há para viver, a pensar mudar-me de vez para França só para poder usufruir dos 53 dias de férias que os meus colegas de lá têm. 53!! Ou seja, mais de metade das férias que podemos tirar aqui! A C. diz que o problema dela é não ter dinheiro ou saber o que fazer com tanta féria. O meu objectivo de vida vai passar a ser poder vir um dia a dizer algo do género!