Ando sem tempo para nada. Hoje demorei uma hora e um quarto a chegar a casa, presa no trânsito de Lisboa, a ver o tempo passar na agonia do tanto que ainda tenho que fazer. Passei aqui só porque tinha que contar isto, de tão surreal que foi.
Ontem, no regresso a casa depois do trabalho, rondavam as 20 horas, em pleno autocarro 742, direcção do Alto da Ajuda, um cigano saca do revólver que tinha guardado no bolso e ergue-o em punho. Pois, leram bem. De arma em riste.
Era um daqueles ciganos típicos e reconhecíveis pelas vestes negras dos pés à cabeça, barba grande e tez escura. Normal, sentado no lugar ao lado do meu no corredor. Normal, até chegados ao Calvário, entrarem duas ciganas no autocarro. De um pulo o homem mete-se de pé, ao meu lado, mão ao bolso e saca da arma numa pressa de quem tinha medo de perder a oportunidade de disparar. As ciganas, que o viram mal entraram, e ainda com o autocarro sem andar, gritavam ao motorista aterrorizadas para abrir a porta. Valeu a rapidez no motorista que a abriu logo e elas fugiram num ápice. O cigano, vendo que já não as tinha em mira, voltou a arrumar a arma e sentou-se de volta no lugar impávido, como se nada fosse, sem pronunciar uma palavra.
O autocarro não vinha muito cheio àquela hora e aconteceu tudo muito rápido. As pessoas que lá estavam tiveram tempo de ficar petrificadas sem mexer um músculo, de grandes olhos abertos e respiração suspensa, soltar um grito, ou tentar fugir. Foi o meu caso, que agarrei nas minhas coisas e fui para a parte de trás do autocarro, longe da mira do homem. Quando ele se voltou a sentar ninguém disse nada, estava tudo em suspenso, acho que a assimilar, de tão irreal, tão à filme. Não sei se o motorista chamou a polícia através de algum botão de emergência que os autocarros possam ter. Não falou no intercomunicador por motivos óbvios. Penso que ninguém teria coragem de dizer nada em frente do cigano, que não teria hesitado em disparar se tivesse tido tempo.
Agora, digam-me, como é que é possível uma coisa destas? Eu iria discorrer mais sobre isto, porque muito há para ser dito de um povo que é uma espécie de pária da sociedade, que vive à custa de subsídios estatais, com casas a preços simbólicos, que não tem qualquer apreço por ordem ou leis, que vive como quer sem respeito pelos outros. Mas não tenho tempo. Opinem, que eu ainda estou a digerir e a tentar perceber de que filme me saiu esta cena!
Era um daqueles ciganos típicos e reconhecíveis pelas vestes negras dos pés à cabeça, barba grande e tez escura. Normal, sentado no lugar ao lado do meu no corredor. Normal, até chegados ao Calvário, entrarem duas ciganas no autocarro. De um pulo o homem mete-se de pé, ao meu lado, mão ao bolso e saca da arma numa pressa de quem tinha medo de perder a oportunidade de disparar. As ciganas, que o viram mal entraram, e ainda com o autocarro sem andar, gritavam ao motorista aterrorizadas para abrir a porta. Valeu a rapidez no motorista que a abriu logo e elas fugiram num ápice. O cigano, vendo que já não as tinha em mira, voltou a arrumar a arma e sentou-se de volta no lugar impávido, como se nada fosse, sem pronunciar uma palavra.
O autocarro não vinha muito cheio àquela hora e aconteceu tudo muito rápido. As pessoas que lá estavam tiveram tempo de ficar petrificadas sem mexer um músculo, de grandes olhos abertos e respiração suspensa, soltar um grito, ou tentar fugir. Foi o meu caso, que agarrei nas minhas coisas e fui para a parte de trás do autocarro, longe da mira do homem. Quando ele se voltou a sentar ninguém disse nada, estava tudo em suspenso, acho que a assimilar, de tão irreal, tão à filme. Não sei se o motorista chamou a polícia através de algum botão de emergência que os autocarros possam ter. Não falou no intercomunicador por motivos óbvios. Penso que ninguém teria coragem de dizer nada em frente do cigano, que não teria hesitado em disparar se tivesse tido tempo.
Agora, digam-me, como é que é possível uma coisa destas? Eu iria discorrer mais sobre isto, porque muito há para ser dito de um povo que é uma espécie de pária da sociedade, que vive à custa de subsídios estatais, com casas a preços simbólicos, que não tem qualquer apreço por ordem ou leis, que vive como quer sem respeito pelos outros. Mas não tenho tempo. Opinem, que eu ainda estou a digerir e a tentar perceber de que filme me saiu esta cena!
Gabo-te a coragem de teres continuado no autocarro. Valeu a rapidez do motorista em ter reagido aos pedidos das outras ciganas. Seria uma disputa territorial?
ResponderEliminarNão sei o que discorrer sobre o assunto. Isso é coisa para deixar qualquer um traumatizado por longas semanas...
Bem, não há nada que não te aconteça!
ResponderEliminarSe isto acontece num autocarro cheio de gente, imagina o que não acontecerá nos bairros onde vivem! Deve ser fogo aberto!