domingo, 27 de dezembro de 2009

Dei-lhe a minha alma e ela, talvez por não a ter sentido, deixou-a morrer. E com ela tantas coisas se foram...

Foi há 10 anos atrás. Eu tinha 16 anos, aqueles doce 16 anos em que tudo é possível ainda e a vida está inteirinha à nossa espera. Ele tinha 19 e eu não esperava que aquela alma atormentada caísse na minha vida e viesse mudar o meu mundo de pernas para o ar. O primeiro amor nunca se esquece não é assim? Mas acaba sempre, sempre.

Era como na música do David Fonseca, "Summer will bring you over". Todos os verões esperava o seu regresso. Por mais namorados que fosse tendo, casos ou paixonetas, no Verão o meu coração entrava em suspenso, à espera. Mas ele nunca regressou.

Fui guardando as poesias trocadas, mudei de casa e evitei passar nos caminhos que me lembravam dele, fui apagando o rosto dele da minha memória. Ás tantas só restava um nome, o nome dele como o do único homem. Parei de o esperar, de o lembrar. Apaixonei-me a sério de novo, pela primeira vez a sério depois dos 16 anos. Foi preciso esperar seis anos para que tal acontecesse. Apesar de todos os homens bonitos e de todas as paixonetas prometedoras, o amor não se dá assim fácil e vem quando menos esperamos, na pessoa mais insuspeita de todas.

Foi na Primavera da oitavo aniversário que ele voltou, sem que nada o anunciasse, quando eu já estava curada dele. Sim, curada. E ainda assim queria gritar-lhe "Porque é que demoraste tanto tempo? Porquê agora?" Encontrámo-nos oito anos depois, cheios de coisas por dizer que não dissêmos naquele primeiro encontro por medo. Eu já não sentia nada por ele, ela já não sentia nada por mim, certo? Apenas para descobrir o quão poderoso é um amor mal resolvido, o primeiro, nascido na força da juventude. E aquele abraço, meu Deus, aquele abraço queria gritar!

Todas aquelas palavras de novo, aquele sentimento que não sabíamos de onde vinha. "Sinto-me como se fôssemos personagens de uma novela Camilística que não podem estar juntos porque este não é o seu momento", dizia-me ele. E no fundo eu sabia que era melhor deixa-lo como isso mesmo, como uma personagem na minha cabeça. Uma criação que desvanece caso viesse a realizar-se. Sei disto tão bem. Pelo que ele voltou a partir e eu desejei essa partida. Escreveu-me uma última carta, eu encerrei o capítulo. Por fim tinha como encerrar tudo.

Neste Natal bastou uma mensagem dele para vir tudo à tona, bastou ele dizer-me que não me esquece nunca para eu saber que por mais tempo, mais longe, mais anos que passem, aquela história de um livro nunca irá ter um fim último e derradeiro. Porque há pesoas que ficam na nossa pele como uma tatuagem. E que nunca passam.

1 comentário:

  1. Há pessoas que fazem parte de nós, por muito que se diga, por muito que se mude, por muito que nos demos a outra pessoas... às vezes basta uma palvra, um olhar, um cheiro... e lá voltamos nós aquele lugar onde o antes e o depois se confundem, e o agora parece desaparecer imerso na força dos sentimentos há muito guardados... como te compreendo...

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