sexta-feira, 17 de junho de 2011

Roubado à Maria

Que deu a conhecer um autor que vou querer cuscar. Por causa deste parágrafo que conta assim:

Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde. Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca. Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais.

Caio Fernando Abreu

4 comentários:

  1. "...depois de todas as tempestades e naufrágios o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro..."

    -Caio Fernando Abreu-

    Esta frase dele tem-se revelado uma verdade absoluta na minha vida. *

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  2. Claro que tu conhecerias :) O que recomendas dele para quem quer começar?!

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  3. A minha madrinha emprestou-me aqui há uns bons 10 anos um livro de crónicas dele, edição brasileira, intitulado "Pequenas Epitáfias" - muito bom, mas não faço ideia se está editado em Portugal. Depois disso também li "Morangos Mofados", um livro de contos, talvez o mais aclamado pela crítica (encontrei-o na Biblioteca Almeida Garrett aqui na Invicta, acho que a edição também não era portuguesa). *

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  4. Eu também postei depois de ter visto na Maria ;). muito bom mesmo... só podia!

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