quarta-feira, 4 de abril de 2012

Portugal em 2012

Primeiro vimos os salários cortados, os subsídios estripados, feriados roubados. Agora,como se nada disto fosse já demais, fecham-se urgências de hospitais, limita-se o acesso a tratamentos oncológicos por serem caros, corta-se no número de dias de baixa, equipara-se gravidez a doença para se cortar logo ali 30% de subsídio, reduz-se o valor do subsídio em caso de morte....e o povo cala, não ouço ninguém reclamar ou barafustar, não se vê na rua cabeças levantadas sequer...anda tudo cabisbaixo, carregado, como se aceitar este fado fosse a única coisa que podem fazer.
Ora, eu não posso compreender esta atitude. A base da sociedade é um contrato social - descontas do ordenado mas tem de haver uma contrapartida clara. Caso não haja é preferível a anarquia porque isto já só é escravidão, e entre uma coisa e outra eu prefiro o caos da primeira porque ainda assim me deixa livre.

A crise de que tanto se fala eu comecei a sentir este ano: na redução do salário, nas contas de supermercado, no valor pago por um bilhete de transporte público (que apesar de mais caros estão mais escassos, apinhados e mais lentos - para poupar na conta da luz, no caso do metro). Ainda não senti a morosidade e ineficácia de uma urgência porque graças a Deus ainda não precisei, ainda não senti o infortúnio que é estar doente e ter de me preocupar ainda com problemas financeiros porque me vão cortar ainda mais o ordenado, ainda não tive de pensar se posso engravidar e decidir se meto um bebé de um mês numa creche ou posso aproveitar seis míseros meses com o meu filho.

Por sorte ainda não tive de enfrentar nenhuma dessas situações, mas posso vir a fazê-lo e só vejo a incongruência disto tudo, desta vida dos nossos dias que vai piorando para vidas que já conhecemos dos livros de história Então eu, enquanto ser humano livre e individual hei-de aceitar que me tirem o salário e só diminuam o serviço prestado?! O estado começou por existir por isso mesmo, um serviço, ordem e segurança, condições sociais em troca do dinheiro dos contribuintes. E a grande maioria da população faz o quê quando o serviço é mau? Come e cala?! Infelizmente acho que muita gente. Eu, sozinha, enquanto ser individual não posso fazer muito ( posso escrever no livro de reclamações do metro pela escada rolante que está "avariada" faz meses, e que obriga as velhotas a um exercício de equilíbrio e força nas escadas normais, escrevendo que se pago passe ou bilhete àquele valor, espero ter as condições de um metro de século XXI e de cidade europeia, por mais contas de luz que eles tenha que pagar, amanhem-se, eu não tenho que pagar pelo que os vossos gestores meteram ao bolso) .

Mas se fôssemos todos, acham mesmo que algum governo do mundo metia mão a uma turba de gente?! Acham mesmo que eles não estão lá porque deixamos e que a culpa é toda nossa porque o cidadão comum quer que resolvam as coisas por ele e não se chatear muito ? Então caras pessoas do meu dia-a-dia, não se queixem à minha beira, por favor!! Não desfiem o rosário do fado e do coitadinho e do onde isto vai parar, Meu Deus! Acordem para a vida.Ler o "Servidão Humana" talvez fizesse bem. Mas na falta de tempo, leiam isto, pode ser que ajude a acordar consciências.

2 comentários:

  1. Well.. um grande problema é que acabamos por não nos juntarmos todos porque temos aquela ideia sedentária que vai haver muita gente que não vai por isso também não vou...

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