quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

"Quando se gosta de alguém – mas a sério, que é disto que falamos – não há nada mais importante do que essa outra pessoa. (…) Quando se gosta de alguém temos sempre rede, nunca falha a bateria, nunca nada nos impede de nos vermos e nem de nos encontrarmos no meio de uma multidão de gente. Quando se gosta de alguém não respondemos a uma mensagem só no final do dia, não temos acidentes de carro, nem nunca os nossos pais se sentiram mal a ponto de nos impossibilitarem o nosso encontro. (…) Quando se gosta de alguém – e estou a escrever para os que gostam - vamos para o local do acidente com a carta amigável, vamos ter com ela ao corredor do hospital ver como estão os pais, chamamos os bombeiros para abrirem a porta, mas nada, nada nos impede de estar juntos, porque nada nem ninguém é mais importante, do que nós.

Fernando Alvim

Encontrei este texto ali no cantinho do Alexandre e fez-me ficar a divagar sobre o Amor. Eu sou uma pessoa de extremos, para mim há coisas que são preto ou branco, sem possibilidade de escalas de cinzento ou intermédios. Normalmente sinto muito, com muita força no próprio instante. Sou impulsiva, excessiva, exagerada. Esta maneira de ser chateia muita gente, especialmente quem me é mais próximo e quem é diferente de mim na maneira de ser. Claro que nem toda a gente tem de sentir as coisas na mesma intensidade que eu. Percebo isso. Mas há um tema no qual não dou margem nenhuma de manobra. O Amor. Eu só concebo o amor sem condicionalismos, sem mas, sem se´s, sem nada que lhe seja maior ou superior. É o preto ou branco por excelência, o ama-me ou deixa-me. Eu só sei amar assim, e se não for assim é porque não gosto de verdade. O problema é que depois só aceito ser amada de volta na mesma medida. Sem nada no caminho, sem reticências, sem nenhum problema maior. Ou, se houverem problemas, com a coragem e prontidão de enfrentar todas as consequências.
Até há bem pouco tempo era feliz no meu amor, na minha certeza que viesse quem viesse nada nunca iria ser maior. A minha certeza de que era amada na exacta mesma moeda porque até ali talvez a vida ainda não tivesse desafiado para lá do razoável. O problema é quando essas certezas descambam, quando descubro que afinal há um monte de coisas que a outra pessoa vai sempre colocar à frente, que essa pessoa vai sempre andar em pézinhos de lá ao invés de se jogar do penhasco, como eu, ou junto comigo. O pior é saber que bastava sentir-me amada na mesma medida para saltar, sem hesitações, apenas saltar no vazio. É triste chegar a este ponto e, independentemente de todo o carinho e atenção que subsistem, estar a deixar-me ir porque dou conta de que há demasiadas escalas cinzentas. Há muitos recuos, muitos medos, muitos dias em que não dá jeito, muitos inconvenientes, muitos atrasos, muita falta de oportunidade. O amor é urgente e inadiável. E é corajoso. Arrojado, egoísta na sua própria preservação. Quer tudo ao mesmo tempo e de uma vez só. Não consigo admitir escalas de cinzentos na minha ideia do amor. Porque posso abdicar de muita coisa, mas nunca da maneira como acho que o amor deve ser. Porque se não for tudo isto, tudo o resto é uma imitação. E nada vale realmente a pena.

2 comentários:

  1. Isto devia ter aqui um sítio qualquer onde uma pessoa pudesse assinar. Subscrevo totalmente ;) *

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  2. O Amor não admite escalas, ou é ou não é... o resto é sexo ou um gostar vah...

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