terça-feira, 1 de maio de 2012

Há palavras que nos assentam tão bem. Que lemos nas palavras de outrem e nos surpreende que naquele momento, naquele dia, o que foi escrito por outra pessoa que não conhecemos parece ser o que nós próprios iríamos dizer sobre nós acaso escrevêssemos assim. O pior de tudo é o desamparo de que a que Maria Inês fala, o desamparo de não poder mudar certas situações, certas pessoas a que fosse como nós tanto queremos. A dificuldade em aceitar e em não conseguir mudar o que nos entristece. Apenas aceitar, conformar que é assim e não muda. Aquele pedaço de vida já passou e não volta mais. É como arrancarem-me a pele ter que pensar que nada do que se faça vai algum dia mudar isso. Especialmente quando não somos de desistir, de baixar os braços, quando se coloca o coração à frente do resto. Já fui mais forte, mais desapegada, mais práticas nos assuntos mundanos...a idade tem vindo a amolecer-me...ou talvez seja só a falta, a falta de sentir o coração dentro do peito o que me quebrou. A certeza de que há momentos na vida em que nos cruzamos com alguém e nada nunca poderá vir a ser como antes. A certeza de que há sentimentos que nenhum tempo, nenhuma distância apagam. E a aprendizagem em aceitar tudo isso. Aceitar sem entristecer. Será essa a derradeira aprendizagem?

"Quando estou triste, mas assim mesmo triste, só me apetece ouvir música que me faça companhia nessa tristeza e que não ambicione fazer-me abandonar o estado em que me encontro. Triste porque não posso mudar o que me entristece, o que é uma constatação que me deixa num verdadeiro desamparo. Depois, depois tento lembrar-me do que não é triste, porque na verdade me sinto culpabilizada por esta tristeza quando há tanto que não me entristece. Difícil que é aceitarmos que não podemos mudar certas realidades, certas pessoas, certos momentos, certas distâncias. Difícil aceitarmos que o outro não vai ser aquilo que nós tanto queríamos. Que eu queria, que eu quero mas não posso ou não devo querer, sob o risco de nunca me libertar desta tristeza. A desilusão caminha lado a lado com a mágoa. Aquela mágoa que não estando presente em todos os momentos, nunca nos deixa totalmente, porque a Vida também é isto, apesar de eu ter tanta dificuldade de aceitação. Gosto tanto de ti. Magoas-me tanto. Nunca to disse assim, da forma mais simples de que sou capaz, mas gosto tanto de ti que dói e às vezes apenas anseio que desapareças para logo a seguir não suportar a ideia de um mundo sem ti. Gosto tanto de ti e magoas-me tanto que hoje não me resta senão carregar esta tristeza, esperando que amanhã ela já tenha partido." 

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