Era uma tristeza diferente. Mais profunda, mais encravada. Não aquele tipo que nos mete ao chão mas depois nos deixa recuperar forças e voltar a tentar, a lutar. Aquela tristeza era um sentimento de lágrimas a cair tranquilas, sem o fervor dos soluços e da respiração alterada porque reconheceu finalmente que nada mais havia a fazer a não ser aceitá-la. Não ia passar, não ia a lugar algum. Veio para ficar, instalada no coração como uma condição inerente depois de tudo o que acontecera. Aceitar a perda, aprender a perder é isso também: parár de lutar contra as coisas que não controlamos, apesar da vontade férrea em que fosse de outra maneira. Uma pessoa não pode mover o mundo e, ainda que saibamos que esse mundo podia facilmente desenhar-se de outra maneira, somos ainda assim impotentes. Aceitar as lágrimas, aceitar o vazio, aceitar o coração esmigalhado e respirar devagarinho. Para que a tristeza cumpra o seu percurso até ao fim e, um dia, te venha dizer baixinho: podes mover-te agora e recomeçar o teu caminho.
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