Foram quase 8 anos carregados de bons momentos e companheirismo. Contigo dei os primeiro passos numa ciência quase desconhecida para mim até então. Ensinaste-me muito, ainda que muitas vezes me apetecesse bater-te. Acontecia quando ficavas preguiçoso ou quando afinal era eu não te entendia.
Levei-te comigo para Coimbra, depois o Porto, Luxemburgo, Lisboa e Paris. Estiveste sempre lá, a partilhar as imagens, os vídeos, a ligar-me ao mundo e a diminuir-me as saudades. Foi contigo que aprendi pirataria a sério e desde então o dinheiro mensal gasto em séries e filmes baixou drasticamente. Foste também tu o culpado em certa forma por ter deixado de comprar cd´s e de os coleccionar (o que até foi bom porque já não tinha mais espaço nas prateleiras lá de casa e já bastam aqueles quinhentos cd´s que nunca tenho tempo de ouvir).
Sofremos os dois juntos quando em Paris aquele maldito vírus te atacou e não queria sair nem por nada. Mas com engenho e sabedoria conseguimos expulsar o sacaninha e ensinaste-me a desmontar peças com uma chave de fendas como um menino grande! Ainda hoje, apesar da velhice, o teu som é invejado pelas aparelhagens, apesar de teres metade do tamanho delas e do peso. Foste um companheiro fiel e leal todos estes anos. Mas, meu caro amigo, chegou a hora de te substituir.
Tudo nesta vida tem um fim e a tua velhice já te apanhou, os scripts são uma constante, estás mais lento nos movimentos e nos reflexos e fazes-me a vida negra quando quero ver um filme ou abrir várias páginas da internet. Já andas assim há mais de meio ano e andei sempre adiar mas não podia fugir mais, tive de tomar esta decisão! Comprei uma versão mais nova de ti, Tó! Lamento! Continuas a ser o satélite da minha constelação, mas agora já vais na versão L755 e ainda que o teu design não fosse dos que mais me apelava, sei que a beleza não é tudo e tens outras qualidades muito para além do aspecto físico nas quais tão bem confio. Que a tua nova versão seja tão resistente e fiel como tu foste Tózinho. Vais ágora ter um merecido descanso e passar a tua velhice no meu quarto de infância, aquele quarto onde sempre regresso e voltarei a ti de todas as vezes que estiver de visita. Irás continuar a ouvir música e a servir-me de tela de cinema, apenas mais esporadicamente. Um até sempre e um bem haja,
a tua Merenwen