terça-feira, 19 de outubro de 2010

Zon Lusomundo

Eu sou do tempo em que ainda era possível ir ao cinema sem ter de entrar numa cadeia franchizada e ver filmes que não eram todos os mesmos em todas as salas de cinema. Em Coimbra, no Cinema Avenida vi muitos dos melhores filmes de sempre, alguns mainstream, alguns independentes dos quais nunca mais ouvi falar, nem em DVD nem em sites de downloads piratas.

Sinto falta do Cinema Avenida ou do Cinema S. Mateus em Viseu de cada vez que vou ao cinema hoje em dia. E sobretudo pelo desrespeito que as cadeias de cinemas têm pelo espectador.
Vou dar o exemplo do último filme que vi. A sessão estava marcada para as 21.10h. Uma hora aceitável, mesmo a um dia de semana, mesmo que o filme tenha quase 3 horas. Acaba bem antes da meia noite, dá para voltar para casa tranquilamente e dormir suficiente antes de um dia de trabalho.

Só que o filme propriamente dito nunca começa as 21.10h, começa sempre depois das 21.30h porque antes temos de aguentar 20 minutos de publicidade (sim, eu cronometrei) e 1trailer. 1 trailer vs. 20 min de publicidade, da qual coloco o comando da Tv a fugir sempre que estou em casa. Porque motivo quereria eu gastar 20 minutos do meu tempo a ver publicidade que não vejo em casa por opção? Porque tenho eu de pagar um bilhete de cinema excessivamente caro para o ordenado português médio e ainda ter de levar com algo que não pedi? Antes viam-se 5 minutos de trailers e era o suficiente para nos deixar com vontade de regressar ao cinema mais tarde, abria o apetite e a curiosidade, faziam-nos esperar a próxima estreia. Agora sei que ir ao cinema me vai deixar rabugenta e impaciente logo no início, a ver quando é que o filme que eu escolhi ver começa. Ou seja, não só nos privam de vermos trailers, que antes era uma forma de ganhar espectadores, como os encurtam ao máximo possível para passarem toda a publicidade impossível. E não me digam que as empresas precisam deste dinheiro para financiar o funcionamento das salas, porque ao preço que estão os bilhetes e as pipocas, financia-se bem só com isso. Não têm o mesmo lucro, mas eu não tenho que me preocupar com os princípios capitalistas da empresa. Nem tenho que contribuir mais do que contribuo.

Que passem a publicidade que bem entenderem mas antes da hora marcada no cartaz. Eu não tenho que ver algo que não quero ou acabar mais tarde um filme porque me querem obrigar a comer marketing. E se no domingo á noite não pedi o livrinho de reclamações porque já era tarde quando acabou o filme, não vou deixar passar a oportunidade de voltar a uma Zon só por esse motivo.
Se ninguém reclamar e aceitar tudo como está daqui a nada alargam os 20 minutos para 30 minutos e por aí fora. Já chega o Governo fazer o que quer. Se eu ainda tiver um direito para reclamar os deveres de uma empresa da qual usufruo, vou usá-lo. E toda a gente devia fazer o mesmo. Talvez o país estivesse diferente se as coisas fossem mais assim.

1 comentário:

  1. Já não chega o preço ridículo que os bilhetes de cinema atingem em comparação com os que eram praticados à uns anos atrás. A isso ainda juntam a magnifica manobra de marketing do 3D em que temos de pagar taxa para ver o filme. Sim, porque se pagamos o bilhete para ver um filme, que não se pode ver sem os ditos óculos, estamos a pagar um serviço base que não é cumprido. Porque a taxa deve ser para um serviço facultativo que usa quem quer, e eu não vejo os filmes 3D's no mesmo cinema em versão dita normal...
    A juntar a tudo só faltava mesmo a quantidade de spots publicitários para nos levar a ir comprar os ditos cujos... a mim só me leva a ir menos ao cinema do que o contrário. Ver os trailers, aliás, chegar mais cedo ao cinema para ver os trailers fazia parte de um ritual e vontade de ir ao cinema. Com isto, quer-me parecer que tal como eu muito boa gente fica mais em casa, até porque as TV's e sistema de sons caseiros estão cada vez melhor..

    baci

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