quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Foi uma cena de filme...consigo ver-me como se estivesse de fora de cena. Consigo ver-me a sair pela manga do avião, aflita com o peso das malas, feliz por estar em Lisboa por fim. Consigo ver-me quando liguei o telemóvel e o voltei a por no bolso à espera que apanhasse rede. Sabia que devia ter mensagens, e estava expectante por essas mensagens, queria que me fizessem sentir bem-vinda, que me deixassem a sorrir. Lembro-me do meu sorriso esboçado quando ouvi o toque da mensagem, lembro-me de estar a caminhar naqueles corredores envidraçados, os aviões estacionados lá fora. Consigo ver o meu rosto quando abri a mensagem, á medida que o sorriso se foi esbatendo. Cada frase foi como um murro no estômago, um, pausa...continuo a ler...o segundo...pausa...não pode haver mais nada, não pode...três.

Fiquei sem chão nos pés. Não me lembro se parei se continuei a caminhar, não me lembro como fui levantar a bagagem, não me lembro do sorriso da minha mãe ao receber-me. Só queria ficar abraçada naqueles braços e chorar, voltar logo ali para trás e apanhar o avião de regresso.

Desde sexta-feira, dia 1, o dia em que regressei a Lisboa, em que sabia que muito ia mudar, fiquei sem mundo, sem chão, sem pé. Foi uma bomba que rebentou assim que toquei Lisboa. E a decepção, o choque tão grande que pensei que fosse morrer, em que quis (quero) morrer. O que dói mais é a decepção, o saber que nunca mais vou olhar as coisas da mesma maneira. Saber que a cabeça vai andar mais baixa, o sorriso fechado, os olhos tristes, desconfiada, amarga. Nunca pensei que, de todos, Ele, fosse quem me ia estilhaçar o coração. e, sobretudo, quem me fosse tornar numa pessoa tão feia. Isto, eu, nós, por tudo o que passámos, não merecia.
E de tanto bater o meu coração parou.

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