segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Mãos ao alto! Isto é um assalto.

Teria sido mais honesto!
Desde 2007 que não tenho (ou terei, daqui a 4 meses pelo menos)  um salário tão baixo. E nessa altura estava a fazer um estágio no Luxemburgo e, mesmo assim, a bolsa conseguia ser maior do que aquilo que irei ganhar a partir de Janeiro.

Se hoje em dia já não tenho grandes luxos nem deslizes, a partir de Janeiro vou passar a trabalhar para sobreviver. Não consigo poupar dinheiro, não posso pagar uma casa só para mim, o meu salário não me permite manter um carro, se num mês tiver uma despesa adicional que ultrapasse os 100 euros deixo de ter controle orçamental. Fazer uma viagem por ano também é um ideal.  E agora vou ganhar ainda menos do que quando tinha 24 anos e estava em início de carreira! Perante a comunicação do PM na sexta feira tive um vislumbre da minha vida daqui a 10 anos: se nada fizer, vou ter a mesma exacta vidinha de agora,  de tostões contados.

Pela primeira vez não me apeteceu insurgir ou apelar a este povo manso e morno que tudo acata apesar de toda a gente estar contra. Este novo imposto é um roubo dissimulado de contribuição para a Segurança Social ( alguém acredita que vamos ver os valores reflectidos na reforma!?) A ideia de sair do país nunca me abandonou, mas este fim de semana foi cair na real, na consciência de que se eu nada fizer por mim agora vou viver de mãos atadas a vida inteira. Adoro o sol, adoro os meus amigos e a minha família são o que me mantem sã, o que me dá força. Mas na verdade, podemos sempre recomeçar em qualquer lugar e eu não tenho nada de verdadeiramente importante que me prenda aqui. A partir de hoje, segunda feira, a minha busca por emprego lá fora vai passar a ser activa e diária. E acabaram-se os limites geográficos! Não há escolha.


Especialmente depois que na sexta feira soube também, que o meu processo de candidatura de uma vaga em Paris, para a qual até tinha boas hipóteses, está a aguardar a assinatura do big boss da empresa em Portugal. A aguardar assinatura quando o processo de envios de cv ficou concluído a 31 de Agosto em Paris e entreguei a minha candidatura aqui bem antes. Muito obrigada a toda a burocracia da treta e as falinhas mansas desta empresa que tenta a todo o custo prender o pessoal aqui. Quando lhes disse que queria concorrer à vaga em Paris ainda me perguntaram porque queria ir para fora e que tinha que escrever uma carta a justificar o pedido de mobilidade internacional. Não é óbvio?! Tanto tentam travar a saída que as pessoas acabam por os deixar na mesma, da pior maneira. Eu, honestamente, espero já não demorar muito a ser uma das que os deixa.

4 comentários:

  1. Estamos todos desanimados. Espero brevemente ter a coragem de me enviar pelo mundo...

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  2. Pois, eu estou na mesma. Para além do descontentamento que já me vinha a atingir com (apenas) o meu emprego, agora a situação do país cada vez se torna mais insustentável. Eu tenho uma casa (parte dela é do banco, mas pronto), um carro pago e tenho uma situação aparentemente estável, mas como tu, se tenho um pequeno deslize, fico automaticamente sem dinheiro na conta e a penar durante meses (na primavera, quando andei de médico em médico bem reparei nisso), o meu namorado já levou um corte no ordenado e vai voltar a descer a níveis de início de carreira, e eu já só penso na economia caseira e na sorte que tenho por poder viajar ainda este ano, porque não sei quando poderei voltar a fazê-lo.
    Com a cabeça cheia já contactei uma amiga que trabalha em Londres e ando também a ver as minhas hipóteses lá fora. Já desisti de assentar raízes, já nada é certo nem estável.

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  3. Olá. Eu estou desempregado há alguns anos, mas não tenho dívidas. quanto tirei a carta, comprei carro usado e apesar de velho, ainda o tenho. está pago! vivo com os meus Pais ( os meus primos homens, só saíram de casa dos Pais quando foram viver juntos com as namoradas ou quando se casaram, pelo menos aqueles com quem convivo mais, e tenho amigos mais velhos que ainda vivem com os Pais, apesar de trabalharem..só saem de casa quando se casarem ). Já me inscrevi em supermercados e nunca me chamaram. Doi-me, por conversas que tenho, que pessoas que trabalham para o estado, numa câmara municipal por exemplo, que trabalham há mais de 12 anos e que ganham menos de 500 euros, por causa da crise e não só. Pior estão aquelas pessoas que têm dívidas. Nunca compro nada que não possa pagar. O que vale é que não tenho vícios. O meu vício é a doçaria. Quando vou ao supermercado, compro bolachas e um ou outro refrigerante. O meu vício é o pingo ( garoto ou café pingado ) e um ou outro pastel. Também não recebo rendimento mínimo. mas não sou pessoa de grandes gastos. se tivesse Amor por Viajar e por outras coisas, sofreria mais. beijos e que a tua situação se resolva. se não te querem deixar ir embora, eles que te aumentem... boa sorte

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  4. Pois isto não está com aspecto de melhorar, não. E isso de acreditar em reformas é acreditar em utopias. Não me parece que a tenha quando chegar a minha vez.

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