quinta-feira, 17 de março de 2011

Este blogue vai entrar em retiro


Não tenho medo de estar sózinha. Sou, aliás, uma pessoa que se distrai bem só, algo individualista. Gosto dos meus momentos sem mais ninguém em volta. Mas o meu grau de presente solidão alcançou um nível absurdo. Há muito, muito tempo que não sentia este vazio no peito, esta sensação do mais completo abandono. Perdi o meu melhor amigo de anos, fruto de decepção atrás de decepção. Era aquele com quem contava para tudo, a quem contava tudo, em quem confiava. A quem, por mais longe, estava sempre presente. Mas a dada altura não dá mais!
Chora-se tanto, sofre-se tanto, magoam-nos tanto...e não dá mais quando se dá conta que já não falamos a mesma língua, que nenhum dos dois se entende. Mas sobretudo, quando já estamos na defensiva, à espera que a próxima atitude que dali saia nos vá magoar ainda mais que a anterior. Não há mais confiança, deixa de se acreditar naquela pessoa e isso é fatal. Não sei fazer o luto de um amigo, nunca soube, ainda hoje me dói aqueles que perdi pelo caminho, e já perdi alguns.

Não era suposto perdermos as pessoas com quem partilhamos tanto, que sabiam tudo de nós, com quem construímos tanto castelo no ar e concretizamos tanto sonho. Mas a verdade é que as pessoas mudam e, um dia, devagarinho, começam a mudar e deixamos de as reconhecer, de saber quem são e como é possível elas serem as mesmas de antes. Não é possível! Foram eles que mudaram ou fomos nós que não soubemos ver todo este tempo?

O último ano não tem sido fácil para mim, a minha vida mudou da noite para o dia em menos de seis meses, e quase mais seis passados ainda não fui capaz de a reconstruir porque tem sido chapada atrás de chapada. Não tenho tido sorte com as pessoas que se cruzam comigo e perdi as minhas referências, aquelas que me faziam sentir acompanhada. Estou a precisar de regressar à base, a mim mesma, e levantar-me sózinha. Já chega de decepções, já tenho a minha carapaça, agora é afastar-me do que me faz mal, forçar-me a mudar de vida, a sair com pessoas novas, a ir a lugares onde nem tenho vontade de ir. Porque a vida está a acontecer e eu estou a vê-la passar por mim. Não quero mais seis meses de infelicidade. Por mais que custe deixarmos para trás quem nos foi tanto, por mais que nos custe largar do que me definia. Não posso melhorar se não estiver disposta a cortar com o passado. E está mais que na hora de admitir que perdi, que fiz o que podia, que lutei muito mas que, no fim de tudo, perdi.

Quanto a este blogue, vai entrar em pausa por uns tempos, ou vai encerrar de vez, ainda não decidi. O blogue é como um escape para mim mas, de momento talvez me faça mais mal do que bem. E, o motivo principal é que há pessoas que o foram descobrindo que não era suposto saberem da sua existência, não era suposto lerem-no, saberem-me. E, se voltar a escrever, terá de ser do zero, sem constrangimentos de nenhum tipo, a poder despejar o que de mais sincero me vai na alma sem ter que me preocupar com susceptibilidades. Obrigada a quem me leu! Eu vou continuar por aí a ler sempre e a comentar por vezes e, quem sabe, até qualquer dia...

2 comentários:

  1. Compreendo a necessidade de um retiro e espero que essa fase de luto seja o mais breve possível. Espero que voltes em breve, não deixes a blogosfera, gosto tanto de te ler...
    Um dia destes havemos de combinar encontrar-nos, sim.
    Um beijinho muito grande e até ao teu regresso (ou quem sabe, antes ainda?)
    :)

    ResponderEliminar
  2. Esta frase é fantástica na maneira como resume um problema tão grande:

    "quando já estamos na defensiva, à espera que a próxima atitude que dali saia nos vá magoar ainda mais que a anterior."

    E bem sabes o quanto me revejo nela...

    No que diz respeito às pessoas com que te tens cruzado, sinto-me ofendido, pois sou das melhores :p

    Beijo grande menina dos olhos lindos, e vamos falando por fora do blog... lá fora na vida real

    ResponderEliminar