segunda-feira, 23 de agosto de 2010

27 anos

"Live fast, die young and leave a good-looking body", James Dean.

27 anos. A idade com que morreu James Dean, Jimmi Hendrix, Jim Morrisson, Janis Joplin ou Kurt Cobain. Há uma espécie de mito quase à volta dos 27. Para mim é só mais um passo em direcção aos 30 ( que número tão feio). Não me sinto com a idade que tenho, talvez porque me olho ao espelho e ainda me vejo no meu corpo pequeno de 20 anos, ter 1.60m ajuda talvez, e porque não tenho responsabilidades de maior nem vontade de ter essas mesmas responsabilidades. Quero viajar mais, morar em mais países, andar nómada de um lado para o outro por mais uns anos. Com a minha idade a minha mãe já me tinha a mim com 7 anos. Para mim algo do género é totalmente impensável, que está tão, tão longe. São uns 27 a a saber a 25, festejados entre Paris e casa. Can´t get much better than this. Or it can?!

Ryanair

Tive ontem o pior voo da minha vida. Depois de uma noitada para celebrar os meus anos, dormi 3 horas e sai cedo para o aeroporto. Acordei ressacada, desidratada e ainda tive de apanhar 2 RER, 1 metro, um autocarro e finalmente o voo. O qual foi um pesadelo autêntico. Deveria ter chegado ao Porto ás 14.30 locais e acabei por só chegar eram quase 18h. Uma hora de atraso no aeroporto e mais uma hora dentro da porra do avião, com os passageiros já todos embarcados à espera de descolar. Segundo a Ryanair foi um problema de autorização devido ao tráfego aéreo excessivo! Já não tinha água nem comida e deve ter sido o voo com mais crianças e bebés a gritar por metro quadrado. E em vez de ter passado a tarde de domingo a comer bolo de anos com a minha família que já não via há seis meses, passei a tarde enfiada no avião.

Tinha uma dor de cabeça gigante e quando finalmente levantámos voo, de meia em meia hora lá ia a cabin crew ao microfone repetir a mesma lenga-lenga em 3 línguas diferentes: primeiro foi as refeições quentes, depois foi os snacks, seguiram-se os perfumes e produtos duty free - e quem disse que era boa ideia andar a experimentar perfumes numa cabine de avião devia ser fuzilado, a dada altura não dava para respirar com tanto perfume misturado e sem reposição de ar - depois as raspadinhas para ajudar o terceiro mundo e, por mim, os cigarros sem fumo. WTF?!! Pois, cigarros que não se fumam, inalam-se. Com direito a uma prosa de anúncio rasca
(qualquer coisa como agora já pode fumar no avião, no restaurante, no jacuzzi com a namorada - juro - isto tudo com sotaque do Porto, primeiro em português, depois num inglês manhoso e por finalmente em francês, a sério, só gravado!).

Vim sentada no corredor e nesta altura só tinha vontade de derrubar cada um dos hospedeiros de bordo ou gritar-lhes para pararem com aquele chinfrim de feira popular. Que marketing mais descarado, ás vezes vale mais mesmo pagar mais só para ter um voo em condições. Além disto, apanhamos muita turbulência e a aterragem foi um quase desastre, com o trem a derrapar na pista e o avião aos saltos. Quando saí dali para fora quase corri para a mala. O pior é que daqui a duas semanas tenho de regressar com eles. Vou ter pesadelos, com certeza!

sábado, 21 de agosto de 2010

The Kite Runner

Há muito tempo que um livro não me fazia chorar. O único até hoje foi "O Cavalo negro- Black Beauty" - que eu li quando tinha uns 10 anos. Mas ontem, enquanto lia no comboio o capítulo em que Hassan se sacrifica uma última vez pelo seu amigo, a quem já não devia nenhuma lealdade e apesar da malvadez deste, tinha as lágrimas a formarem-se em redor dos olhos. Quem me emprestou o livro disse que lhe custou imenso lê-lo, ainda que esteja magistralmente bem escrito, e que se fartou de chorar. Achei um bocado exagero, nem sou muito dada a essas coisas, mas esta história consegue ser um tearjacker de primeira linha. Em Português penso que o livro se chama "O menino de Cabul". A verdade é que com este título penso que nunca teria sido atraída para a história. But then again, what translation could be better than Kite Runner?!

Montmartre





É, ao lado de St. German de Prés, um dos meus arrondissement preferidos de Paris. Apesar de ser tão turístico e estar sempre cheio de gente, tem um ambiente boémio e típico que me encanta. Adoro os pintores da Place du Tertre, adoro ficar por lá a ver os rostos a comporem-se, os traços de cada um, ver quem consegue captar melhor a expressão dos olhos, a reacção das pessoas quando o desenho está pronto. Os acordionistas, como o de ontem, da minha idade talvez, com um olhar tão triste. Cabelo preto revolto, pele morena, olhos escuros, grandes. Tenho um je ne sait quoi por rapazes com um ar desarranjado q.b. e, se os olhos forem tristes e profundos, é certo que já não vou conseguir deixar de olhar.

Fez-me lembrar do J. Aquele olhar eu conheço-o desde os 16 anos e ficou-me desde essa altura. Fez-me lembrar dele naquele instante e apenas nesse instante. Jantei num dos muitos restaurantes que por lá há e, quando a noite caiu voltei para casa. As rotinas habituais: abrir a janela porque o calor voltou, pôr música a tocar, cair no banho. Abrir o pc, ver os e-mails. E não sei que espécie de telepatia existe ainda, tantos anos passados, mas tinha um e-mail dele, assim do nada. Apenas a dizer que se lembrou de mim e a enviar um beijo, "com carinho". E depois um pedido para o adicionar no facebook. Confesso que já o tinha procurado lá, aquela curiosidade em ver como lhe corre a vida, como lhe mudaram os traços do rosto ao longo do tempo. Porém, no fundo, prefiro não saber, não ver. Guardá-lo na memória tal como ele era há 10 anos atrás, tal como eu achava que ele ia ser. A realidade é sempre mais desinteressante, mas por vezes consegue criar coincidências destas, que não se explicam e nos deixam a sorrir.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

I´m Comin Home

Férias... :)


Com um alpendre cheio de sol á minha espera!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Like pourring rain

Quanto mais conheço os homens mais me desiludo com eles.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Já aqui referi que, uma das maiores desvantagens de estar aqui em Paris a morar num apart-hotel, é não ter máquina de lavar roupa e ter que voltar aos velho método de lavar as peças à mão, ou adoptar o esquema norte-americano das lavandarias, tão popularizado no cinema. Acabei por me resignar a perder aqueles 40 minutos de lavandaria, pelo menos uma vez por semana. Acabo por levar um livro e fico lá a adiantar mais uns capítulos.

Tal como aconteceu hoje. Além de mim, na lavandaria estava apenas mais um rapaz, também há espera que a máquina dele acabasse o programa. Disse "bon soir" e instalei-me a ler o meu livro. Quando uns dois minutos depois, tendo reparado que o livro estava em inglês, o moço me diz num sotaque britânico perfeito " Oh, I love that book, have you got to the part where he is raped yet?!" Apetecia mandá-lo a um certo sítio, porque não, ainda não tinha chegado a essa parte e só lhe faltou ele dizer-me o final. Ando aqui a conter-me para não ver o filme, que dizem ser muito bom também, e este caramelo hoje vai e quase me estraga o enredo todo. "For God sake Brit"!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A ler...

A tentar não ver o filme antes de acabar o livro. Que se quer ler de um fôlego só. Uma outra forma de pensar o Afeganistão.

domingo, 15 de agosto de 2010

Rain drops keep falling on my head...

e não me consigo conformar com o tempo que faz em Paris, em Agosto. Ainda não houve uma semana de verão seguido e a minha pele, o meu corpo, o meu espírito soretudo, tudo pede verão, sol, praia...Tenho o armário cheio de vestidinhos que ainda não usei.

Hoje esteve um temporal o dia inteiro, o dia perfeito para ficar em casa. Conseguisse eu ficar um dia inteiro fechada no meu quartinho de hotel. Saí de casa durante umas 3 horas e cheguei encharcada. Ai, as saudades de coisas tão simples como um sofá, uma estante com os meus livros, uma sala...

Versailles












Não tenho palavras para adjectivar Versailles. Talvez baste dizer que tirei para cima de 500 fotos em cerca de 7 horas. É fenomenal e grandioso em todos os aspectos, dos jardins aos palácios, à aldeia da Marie-Antoinette. Tive a sorte de apanhar um dia (maioritariamente) de sol, deu para passear, bronzear, andar de barco a remos no grande canal e ver as coisas mais significativas. Ainda que precisasse de mais uns 2 ou 3 dias para ver tudo com calma e a vontade seja regressar. A parte que mais gostei foi talvez o domínio de Marie-Antoinette, o ela ter conseguido criar um local tão acolhedor e rural para escapar aos formalismo da vida na corte. E a fonte de Apolo. É poderosa! Depois de a ter visto em tantas imagens e no cinema, nada se compara a estar defronte a ela e sentir toda aquela imponência.
Domingo, 15 de Agosto. O que fazer em Paris num dia de chuva em que mais parece Outono já?!

sábado, 14 de agosto de 2010

Encontro de Bloggers

Esta menina é uma simpatia na vida real! Tal como no blogue, what you read is what you get! Eu já sigo o blogue dela há uns 3 anos, bem antes de pensar sequer em começar um meu. Quando vim para Paris pensei a quem poderia perguntar coisas de teor práticao sobre a vida cá e, não conhecendo ninguém que tivesse morado na cidade, lembrei-me de lhe enviar um e-mail com várias perguntas. Recebi resposta quase imediata e um monte de dicas. Achei-a muito acessível e ficamos de nos encontrarmos por cá. Trocamos e-mails a combinar um cafézinho na Bastille et voilá. A Elite de gabardine branca e écharpe verde, alta como a imaginei e bem disposta!

Falámos da vida no geral, de Paris, de Portugal Do que nos faz ler outros blogues, a capacidade de eles nos fazerem sonhar, pensar ou transportar para outro sítio. Ou apenas de apreciar ideias e palavras. A Elite perguntou-me porque leio o blogue dela. Porque gosto de como escreve, da polivalência nos assuntos que aborda, tanto pode falar de moda, como de filmes - termos gostos parecidos em matéria de cinema também ajuda a seguir - ou assuntos mais profundos, sem receio e sem falsos moralismos. Por isto vou continuar a lê-la. E, quando se pensa nisso, é fantástico como a blogosfera pode propiciar encontros destes na vida "real", que de outra forma nunca teriam sonhado existir.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Amanhã ...



Apesar do mau tempo que em Agosto se faz sentir por estas bandas. Querido S. Pedro, dá uma ajudinha, ok?!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Lost In Translation...

Um dos meus filmes.

sábado, 7 de agosto de 2010

My mother told me they `ll be times likes these...

Há uns meses atrás ouvia, surpresa, como o namorado de uma das colegas de trabalho, um mês e meio depois dela ter vindo para Paris, a deixou por telefone, sem mais explicações do que que um "estou bem sozinho". O que mais me chocou foi a indiferença. Namoravam há 3 anos, viviam juntos há um, e ela não se apercebeu de onde veio toda aquela súbita necessidade de "estar sozinho". Ela tinha estado bastante doente essa semana e ele nem uma mensagem lhe enviou. Ela diz que ele passou do namorado amoroso e inseguro com relação a perdê-la, para o desprezo total.

Também há uns 2 anos atrás, quando fiz um estágio na Comissão europeia com mais uns 30 colegas, era comum ver casais desintegrarem-se da noite para o dia. Na altura ainda achava que comigo isso não iria acontecer. Não que não achasse que a minha relação podia acabar por motivos vários, mas nunca por uma indiferença súbita, uma mudança de comportamento. Achava que conhecia demasiado bem a pessoa com quem estava para acreditar que pudesse mudar tanto e agir como se fosse outra pessoa. Claro que aceitava a hipótese de acabar por nos chatearmos, por algum de nós vir a conhecer outras pessoas, etc...mas não por esse motivo.

Ontem a S. contava-me como o casamento dela quase acabou numa fase em que o P. mudou completamente. Ela dizia que ele estava diferente nos pequenos gestos, sentia que havia ali alguma coisa de errado na maneira como ele a tratava, mudanças pequenas no início, gigantes depois. Ele afirmava que estava tudo igual, que gostava dela da exacta mesma maneira. Começaram a discutir porque ele a acusava de extrapolar, ela queria perceber porquê tanta mudança e sentia-se enlouquecer de cada vez que ele negava tudo. "Era uma conversa de loucos," dizia-me ela. "Tudo nele estava diferente comigo e no entanto ali estava ele à minha frente a dizer-me que estava tudo como sempre esteve quando era tão claro para mim que não. Era como estar com uma pessoa que eu não reconhecia. Tinha o mesmo rosto mas tudo, desde a maneira de falar, de ser, de me olhar, se tinha alterado comigo."

Ela saiu de casa. Ele teve um caso mais tarde. Breve. Arrependeu-se e foi pedir perdão como um cão perante o dono. Ela decidiu aceitá-lo de volta e estão juntos ainda. Mas o medo dela de cada vez que ele não dá notícias ou a paranóia quando fica desconfiada de alguma coisa são angustiantes. Eu não seria capaz.

O que me choca é estar tanto tempo com uma pessoa, conheçe-la tão bem e, de repente, não mais do que de repente, ter um estranho á frente, que nos leva a pessoa que já amamos e que já gostou tanto de nós de volta, com a qual já se partilhou tanto, à qual se deve , no mínimo honestidade, e levar com o desprezo, as palavras rudes, os comportamentos que nos deixam à toa por não reconhecemos quem os faz. O passarem a ser comportamentos tão naturais para eles, acreditarem que sempre foram assim. Não conseguirem reconhecer coisas que, noutras alturas, iriam saber no imediato. Assusta-me acontecer a tanta gente e decepciona-me estar a acontecer-me a mim. É como uma estalada que te diz "cresce, ninguém é imune". Apesar do quão bem acharmos conhecer alguém. Não percebo esta capacidade masculina de mudar da noite para o dia, mudar de personalidade e destratar quando já não importa, quando não interessa. É uma estalada e um murro no estômago em simultâneo. Acho que esta é a parte a partir da qual nunca mais nos entregamos. Muralhas a toda a volta. E sombras, sombras negras.

Je veux

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Há coisas que, por mais que se tente remar no sentido contrário, são inevitáveis. Quantas vezes lutamos para manter algo, apenas para não ter que começar do zero e nos vermos despidos na nossa solidão e desorientação mais absoluta? Até se tornar incontornável. Inescapável. E já não haver mais nada a fazer a não ser cair e levantarmo-nos em seguida, quando conseguirmos...e eu, por agora, vou ficar no chão.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Desabafo

Paris. 4 de Agosto. Hoje cheguei a casa das compras COMPLETAMENTE encharcada, até à ponta dos fios de cabelo. Chove a potes. Está frio. Tenho de andar sempre de casaco atrás. Que é feito do verão?

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Na mesa de cabeceira...


Acabei na semana passada este clássico de Aldous Huxley, que eu sempre gostei ainda antes de ler alguma coisa que fosse dele por causa da música da Sheryl Crow, "Run baby run", " she was born in November, 1963, the day Aldous Huxley died". A música é das minhas preferidas dela e este Aldous parecia-me importante só pelo facto de ser nela mencionado. Há várias coisas que gosto assim, só pelo nome, pela música, sem ter qualquer conhecimento de causa mais aprofundado. A escrita dele é bastante neutra, mas surpreendeu-me a capacidade de projectar um futuro tão real. Tão assuatador a meu ver, mas não muito longe do caminho por onde estamos a ir.

Agora ando perdida em campos de trigo, lidos na versão original, e estou a adorar este americanismo de Salinger. Dou por mim a ler a sua narração a alta voz, a tentar criar um sotaque deste míudo de 16 anos que nos prende às páginas.

Paris by night



segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Your Heart Is As Black As Night

Esta senhora faz-me lembrar os clássicos dos anos 50. Uma voz doce, fatal e noir como aqueles anos. DEscobria-a na banda sonora do filme "An Education", tudo de bom este filme!

domingo, 1 de agosto de 2010

Lá se foi mais um batelão de dinheiro...






Em Kandinskys. Aproveitei que ao primeiro domingo do mês não se paga nos museus e passei o dia no Pompidou. As exposições de arte moderna, contemporânea, não me seduzem por aí além. Ter um ponto preto numa tela branca não me diz nada, tal como um filme de uma casa a arder em replay também não me causa grande emoção. (Ou o filme de uma mulher nua com uma galinha na zona genital - oh lord!!) Mas os Kandinskys, Miró, Matisse e Modigliani já fazem mais o meu estilo e com esses perco o tempo devido. O problema maior é sair da loja sem as reproduções das obras. Apetecem-me todas. Levá-las de volta para Portugal, junto com os calhamaços que vou comprando é que me começa a querer parecer bem complicado!